O PAPA NÃO É LULISTA

A resposta que o Papa Francisco enviou a Lula, depois de ter recebido uma carta manuscrita do ex-presidente, é tão protocolar que serviu para qualquer interpretação.

Os lulistas vibraram com a mensagem do Papa e os bolsonaristas reagiram pelo uso da correspondência como material de divulgação sobre um “inocente na cadeia”, como fizeram os petistas. Uma leitura mais atenta e o dever de se conhecer como os papas atuam em questões polêmicas, deveriam ser suficientes para provar que o Papa Francisco foi apenas educado com Lula, dando-lhe forças para enfrentar a punição sofrida, como qualquer líder religioso faria após receber uma mensagem de um condenado.

Na carta que Lula enviou ao chefe dos católicos há o relato de seu sofrimento com as perdas de seu irmão e de seu neto e que o Papa Francisco, obviamente, expressa sua solidariedade pastoral como um guia espiritual faria, assim como lembrou que “o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a salvação vencerá a condenação”.

Estas últimas observações são mantras bíblicos, quase lugares comuns sempre dirigidos para pessoas desesperadas, como é o caso de Lula. Não há nenhuma outra solidariedade do Papa Francisco a Lula. Quanto às interpretações, a liberdade de expressão permitiu que as palavras do Papa fossem convenientemente exploradas por um membro da Igreja Católica Anglicana (?) ao afirmar que as mortes dos familiares de Lula estavam relacionadas com as perseguições impostas ao ex-presidente.

Dom Orvandil, o tal líder religioso católico-anglicano, disse que o Papa entendeu a dor de Lula e sua carta também era “para cada um de nós que lutamos pelo Brasil e por Lula Livre”. O Papa Francisco – e parece que os lulistas não sabem disso – além de líder religioso é um chefe de Estado e como tal não lhe compete fazer observações sobre questões internas de uma nação amicíssima do Vaticano como o Brasil.

O texto da carta de Francisco não passa de uma homilia dominical que tanto poderia ser dele como do redator de preleções religiosas de qualquer paróquia católica que, como se sabe, são redigidas diante de alguma fatalidade pessoal ocorrida na comunidade com repercussão e exigindo uma posição pastoral do vigário local.

Um texto expressando apenas conforto espiritual, continuará sendo tão somente uma solidariedade cristã que não pode ser negada a ninguém. Por acaso não faz parte desse conforto as palavras de um pastor de almas ate mesmo minutos antes de um condenado caminhar no corredor da morte rumo à sentença fatal?

O Papa Francisco não é petista e não gritaria “Lula Livre”.