TRUMP AINDA NÃO LIGOU

 

 

“Se o presidente Trump tivesse ligado para mim, eu certamente explicaria para ele o que está acontecendo com Bolsonaro”, disse Lula, na última sexta-feira, em Osasco. Se crise entre Brasil e Estados Unidos para ter uma solução amigável depender desse telefonema, o melhor para uma conciliação é tentar por outro caminho porque lá da Casa Branca ninguém vai telefonar para Lula.

Atualmente, Lula está na companhia de chefes de Estado que não são considerados por Donald Trump, como os presidentes do Irã, da Venezuela e da Nicarágua, para ficarmos com países que atacam constantemente os Estados Unidos. Todos os países tarifados pela nova política de confronto de Trump, como China, México, Comunidade Europeia e Reino Unido, entre outros, evitaram uma reação no mesmo tom e conseguiram pela negociação uma diminuição das tarifas alfandegarias aplicadas a eles.

Diplomaticamente, quem negociou recebeu de Trump um tratamento que proporcionou a todos um alívio em suas respectivas exportações para os Estados Unidos. O Brasil está com duas frentes de negociação com os Estados Unidos: a missão de oito senadores que age por conta própria no plano parlamentar – encontros no Congresso americano – e com o vice Geraldo Alckmin que no entendimento de Lula é um “exímio negociador”.

Faltam poucos dias para o início da taxação de 50% aplicada ao Brasil e até lá, dificilmente, a tarifa poderá ser reduzida. Mas o estilo trumpista é imprevisível e tudo pode acontecer até a próxima sexta-feira, menos um telefonema dele para Lula.

Entre todos os países tarifados por Donald Trump, o Brasil, na voz de Lula, é o que mais esboça reações e aumenta o tom de confronto como se nosso país estivesse liderando um bloco internacional antiamericano.

Lula não tem adotado uma boa diplomacia com Donald Trump. Antes da eleição apoiou publicamente a candidata Kamala Harris e afirmou que a vitória republicana significaria “a volta do fascismo com outra cara”. E, recentemente, afirmou que Trump deveria “falar manso se quiser ser respeitado”.

Donald Trump tem tratado o México com desrespeito quando fala dos migrantes que passam pela fronteira americana e com o narcotráfico mexicano. Mesmo assim, a presidente Cláudia Sheinbaum fez algumas concessões como a de aumentar a repressão ao tráfico de drogas. Ela mandou 10 mil soldados para diminuir o dilema fronteiriço.

O presidente francês Emmanuel Macron agiu com mais diplomacia sobre o tarifaço. Convidou Donald Trump para os festejos de 14 de julho ao seu lado no grande desfile militar da data nacional da França.

Quase todos os países atingidos pelo tarifaço estão adotando uma política sem confronto com Donald Trump. Tais países aceitam fazer concessões e promessas de acordo com o presidente americano. Assim é provavelmente certo que as concessões, mais tarde, até poderão ser amenizadas, mas Trump ficará com a sensação de ter imposto sua política alfandegária.