Os desafios de Lula
Se Lula quiser acalmar a sua base parlamentar que não lhe deu apoio no caso IOF vai precisar ele mesmo arregaçar as mangas e voltar a dialogar com seus deputados e senadores, mas com muito dinheiro para creditar rapidamente as tais emendas parlamentares.
O presidente Lula sabe mais do que qualquer assessor de sua confiança que sua popularidade está no pior patamar desde que se elegeu pela primeira vez, em 2002. Recente pesquisa do Datafolha mostrou que Lula tem a desaprovação de 40% do eleitorado e apenas 28% aprovam o seu governo. Mas é preciso que se entenda que tal desaprovação não ocorreu da noite para o dia e sim que Lula parece cansado e sem aquele apetite em dar continuidade ao seu projeto de governo. Com um ministério fraco, bem diferente do primeiro escalão de seu primeiro governo, alguém assoprou errado no seu ouvido para que ele volte a ser o Lula do ano 2000, mais crítico das elites e sempre ao lado dos trabalhadores. Só que esse discurso já cansou, ficou no século passado e, no entanto, foi reativado com a indicação da deputada Gleisi Hoffmann para ser a articuladora política no Congresso Nacional.
A mais recente derrota de Lula foi a derrubada do IOF e a inoperância de Gleisi na sua ação de articulação junto ao Congresso que se afasta do presidente ainda mais depois da intenção de contestar a derrota da semana passada no STF. Se Lula quiser acalmar a sua base parlamentar que não lhe deu apoio no caso IOF vai precisar ele mesmo arregaçar as mangas e voltar a dialogar com seus deputados e senadores, mas com muito dinheiro para creditar rapidamente as tais emendas parlamentares. O atual Congresso é movido pelos créditos nas contas de seus integrantes, mas o cofre do Planalto está vazio. Lula sabe e deve estar dizendo pelos corredores do palácio que deve, não nega e paga quando puder. Agora é preciso convencer o Congresso que já está girando em torno da eleição de 2026.
Se Lula quiser melhorar a sua relação com o Congresso vai precisar trocar, mais uma vez, de articulador político. Alexandre Padilha deixou o ministério de Relações Institucionais por falta de diálogo com senadores e deputados. O mesmo ocorre com Gleisi Hoffmann que apesar de ser “uma mulher bonita” – na opinião de Lula – confirmou apenas o velho ditado que diz que “beleza não põe a mesa”.
O jornal “O Estado de S. Paulo”, em editorial de ontem, afirma que Lula está “determinado a ressuscitar o raivoso líder sindical dos anos 80, reclamando dos empresários e reafirmando a vocação de culpar terceiros por seus erros e infortúnios”.
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