Bombas demolidoras, por Rogério Mendelski

O espetacular avião Bomber B- 2, usado pelos EUA para atingir alvos subterrâneos no Irã, já foi empregado em missões de ataque no Kosovo (1999), Afeganistão (2001-2002), Iraque (2003), Líbia (2011), Síria (2017) e Iêmen (2024). Mas em nenhum dos casos, os B-2 lançaram suas bombas GBU-57/B de penetração subterrânea. O Irã foi o primeiro país a sentir o poder demolidor dessas bombas.

Os Estados Unidos já tiveram em sua frota aérea aviões U-2, lá pelos anos 1950-1960, os quais eram utilizados para espionagem de altitudes extremamente elevadas. Não deveriam ser detectados por radares (como hoje é o B-2), mas dois deles foram derrubados por mísseis da então União Soviética.

Em 1960, um avião-espia U-2 foi derrubado na União Soviética. Para efeito de divulgação, o U-2 seria um avião de “pesquisa meteorológica”, mas na realidade espionava lá do alto, bases militares soviéticas. O mundo descobriu a espionagem aérea quando um míssil soviético abateu um U-2, pilotado pelo tenente Francis Gary Powers. Um filme foi realizado sobre a troca de Powers por um espião soviético.

“A Ponte dos Espiões” baseia-se na história verídica da troca de espiões ocorrida em 1962 entre os Estados Unidos e a União Soviética, durante a qual os norte-americanos receberam o seu piloto da força aérea Francis Gary Powers (abatido no espaço aéreo soviético, em missão de reconhecimento), em troca do espião soviético a operar em solo norte-americano, Rudolf Abel, ocorrida na ponte Glienicke entre Potsdam e Berlim Oriental.

Depois do incidente na URSS, outro U-2 foi abatido em Cuba, em 1962. Foi durante a crise de novembro do mesmo ano, quando os Estados Unidos quase entraram em guerra com a URSS, após serem fotografadas por aviões U-2, bases soviéticas de mísseis na ilha. O piloto americano Rudolf Anderson Jr. morreu e quase começou uma guerra entre Cuba, URSS e os EUA. Felizmente a diplomacia venceu o conflito.

O 777-9 pertence a uma família promissora de aviões para 426 passageiros da Boeing. Seu primeiro voo de testes foi feito em 2020, e ele deve iniciar a operação comercial nos próximos anos e vale 442 milhões de dólares. O B-2 usado para atacar o Irã tem um custo de US$ 2 bilhões. Ou seja, dá para comprar quatro 777-9 e sobra troco.