A ferrovia estratégica, por Rogério Mendelski

 

No dia 26 de maio passado, China e Irã inauguraram uma ferrovia estratégica. De Xian (China) até o porto seco de Aprin (Irã) são quatro mil quilômetros, realidade que encurta, por exemplo, o petróleo iraniano que seria enviado para a China em duas semanas, enquanto que por via marítima o tempo de transporte é de 30 dias.

A nova rota ferroviária não apenas facilitaria a exportação de petróleo iraniano para a China, mas também permitiria que produtos chineses alcançassem a Europa sem a interferência de rotas marítimas sob influência ocidental.

A ameaça do Irã de bloquear o Estreito de Ormuz que corria o risco de prejudicar a exportação de petróleo, não apenas para a China, mas também diretamente para a Índia, Coréia do Sul e o Japão, com a ferrovia denominada “Um Cinturão, uma Rota”, deixa o país de Xi Jinping mais tranquilo. Mesmo assim, não é apenas o petróleo iraniano que é exportado através de Ormuz, mas a medida de bloquear o Estreito também afetará radicalmente Arábia Saudita, Catar, Iraque, Emirados Árabes e Kuwait, caso se confirme a decisão do Irã.

Vem daí um silêncio compreensível do mundo árabe exportador de petróleo a respeito do conflito iraniano com Israel e Estados Unidos. Aqueles países não querem apoiar nenhum dos beligerantes, mas não irão admitir um bloqueio do Estreito de Ormuz.

E a China, mesmo com a ferrovia estratégica, não gostaria dessa medida extrema do Irã, já que hoje é por Ormuz que ela abastece com sua produção industrial todo Oriente Médio e a Europa.

O ideal para todos é o conflito acabar logo com Irã desistindo de “lançar Israel no Mediterrâneo” e deixar de sonhar com uma bomba atômica para chamar de sua.