Agronegócio brasileiro tem papel-chave na contenção do aquecimento global
As mudanças no clima vêm impactando o campo com frequência crescente. A alternância entre estiagens severas e enchentes extremas já não é exceção, e evidencia a urgência de repensar o papel da agricultura frente à emergência climática. Para o gerente de Sustentabilidade da SIA (Serviço de Inteligência em Agronegócios), Gustavo Heissler, o setor não pode ser visto apenas como fonte de impacto ambiental. É necessário posicioná-lo como parte fundamental da solução.
O agronegócio brasileiro, além de alimentar cerca de dez por cento da população mundial, responde por apenas um por cento das emissões globais de gases de efeito estufa. Os dados, do World Resources Institute (WRI) e da Embrapa, reforçam que a contribuição do setor para a segurança alimentar supera de longe sua responsabilidade nas emissões totais.
Segundo o WRI, os dez maiores emissores do mundo concentram aproximadamente sessenta e oito por cento do total de gases lançados na atmosfera. China, Estados Unidos e Índia lideram o ranking. O Brasil aparece na sétima colocação, e dentro do total nacional, a agricultura responde por cerca de quinhentos e quatro milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente.
Apesar da relevância desses números, o setor agrícola possui um diferencial em relação a áreas como transporte, energia e indústria. Enquanto essas atividades emitem sem compensação direta, o campo tem a capacidade natural de capturar carbono atmosférico por meio da fotossíntese e do acúmulo de matéria orgânica no solo. “O agro não é apenas emissor. Ele tem o potencial de funcionar como um sumidouro de carbono, contribuindo diretamente para a contenção do aquecimento global”, destaca Heissler.
Entre as estratégias que já vêm sendo adotadas com bons resultados estão práticas como plantio direto, manejo rotacionado, integração lavoura-pecuária e a recuperação de áreas degradadas. “Estamos diante de uma oportunidade concreta. Se bem conduzido, o agro pode ajudar a neutralizar emissões de setores mais poluentes e ainda promover ganhos em produtividade e resiliência climática”, acrescenta.
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