O negacionismo ‘apenas complementar’, por Vera Magalhães/O Globo

A decisão do presidente Lula de sancionar uma lei que autoriza o emprego de ozonioterapia no Brasil, a despeito de não haver nenhuma comprovação científica de sua eficácia e, pelo contrário, de existirem muitas evidências de que ela pode ser maléfica, parece se amparar no adendo de que seu uso será “apenas complementar”.

É como se essa expressão marota redimisse Lula e o governo de chancelar o mais acabado negacionismo — que, se já não fosse indefensável do ponto de vista científico, se mostra um desastre sob o aspecto político, uma vez que foi justamente a ozonioterapia uma das mandracarias vendidas pelo bolsonarismo no auge da pandemia de Covid-19, num discurso que negava a eficácia de vacinas, máscaras e distanciamento social na outra ponta.

Para quê? Baseado em quê? Para agradar a quem? Ninguém do entorno do presidente com quem se converse sabe explicar. Na comunidade científica, que comeu o pão com cloroquina que o diabo amassou nos anos Bolsonaro, nota-se certa decepção, seguida por um prurido também bastante discutível de questionar de forma mais enfática a decisão do presidente.

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