Extração de XISTO por “FRACKING”, por Ivan Almeida
O fracking, também conhecido como fraturamento hidráulico, é uma técnica utilizada na exploração de gás natural e petróleo não convencional. Consiste em injetar água, areia e produtos químicos em alta pressão em camadas de rochas sedimentares profundas, como xisto ou folhelho, a fim de liberar os hidrocarbonetos presentes nelas.
O processo do fracking envolve várias etapas. Primeiro, um poço é perfurado verticalmente até atingir a camada alvo. Em seguida, a perfuração continua horizontalmente na camada de rocha, muitas vezes se estendendo por vários quilômetros. Depois disso, fluidos são injetados no poço com pressão suficiente para fraturar a rocha, criando fissuras que permitem que o gás natural ou o petróleo fluam para o poço.
Os fluidos de fraturamento geralmente são compostos por água (cerca de 90%), areia ou outros agentes de sustentação (cerca de 9,5%) e aditivos químicos (cerca de 0,5%). Os aditivos químicos podem incluir substâncias para melhorar a viscosidade, prevenir a corrosão, controlar a formação de bactérias, entre outros. No entanto, a composição exata dos fluidos pode variar de acordo com o local e a empresa responsável.
O fracking tem sido amplamente utilizado nas últimas décadas para extrair gás natural e petróleo em áreas onde os recursos convencionais estão esgotados. Embora essa técnica tenha impulsionado a produção de hidrocarbonetos, ela também é controversa devido a preocupações ambientais. Críticos apontam possíveis impactos negativos, como contaminação da água subterrânea, liberação de gases de efeito estufa, riscos sísmicos e consumo excessivo de água. As regulamentações e os debates em torno do fracking variam em diferentes países e regiões, com algumas proibições e restrições em vigor.
O processo de fracking pode gerar diversos tipos de resíduos, que são resultado das atividades de perfuração, fraturamento e produção de gás natural ou petróleo. Alguns dos principais resíduos do fracking são:
Água de retorno: É a água que retorna à superfície após o fraturamento hidráulico. Essa água geralmente contém uma combinação dos fluidos de fraturamento originalmente injetados, além de componentes químicos e materiais presentes nas camadas de rocha. Ela pode conter contaminantes, como produtos químicos, metais pesados e substâncias radioativas.
Água de fluxo de produção: É a água produzida durante a extração do gás natural ou petróleo. Ela é encontrada naturalmente nas camadas de rocha e pode conter sais, metais pesados e outros contaminantes.
Lodo de perfuração: É composto por resíduos sólidos, como areia, argila e fragmentos de rocha, misturados com fluidos de perfuração. Esse lodo é gerado durante a perfuração do poço e precisa ser tratado e descartado adequadamente.
Resíduos químicos: Os fluidos de fraturamento contêm aditivos químicos para melhorar o desempenho do processo. Alguns desses aditivos podem retornar à superfície junto com a água de retorno e precisam ser tratados e gerenciados corretamente.
Resíduos radioativos: As camadas de rocha alvo do fracking podem conter substâncias radioativas, como urânio e rádio. Durante o processo, esses elementos podem ser liberados e se tornar resíduos radioativos que requerem cuidados especiais para o descarte seguro.
O tratamento e o descarte adequados desses resíduos são questões importantes na indústria do fracking. As regulamentações variam em diferentes países e regiões, e as empresas de exploração de petróleo e gás devem seguir diretrizes específicas para minimizar os impactos ambientais e proteger a saúde pública ao lidar com esses resíduos.
O fracking é praticado em diferentes partes do mundo, especialmente em países com grandes reservas de gás natural e petróleo não convencional. Alguns dos principais países onde o fracking é realizado incluem:
Estados Unidos: Os Estados Unidos têm sido pioneiros no desenvolvimento e na expansão do fracking. Estados como Texas, Dakota do Norte, Pensilvânia, Oklahoma e Colorado são conhecidos por suas atividades de fracking e produção de gás natural e petróleo de xisto.
Canadá: O Canadá também tem reservas significativas de gás natural e petróleo não convencional e utiliza o fracking em áreas como Alberta e Colúmbia Britânica.
China: A China possui grandes reservas de gás de xisto e tem investido no desenvolvimento do fracking para atender à crescente demanda por energia no país.
Argentina: A Argentina possui uma das maiores reservas de gás de xisto do mundo e tem utilizado o fracking para aumentar sua produção de gás natural.
Austrália: A Austrália tem reservas consideráveis de gás natural de xisto e usa o fracking em várias regiões, incluindo Queensland.
Além desses países, o fracking também é praticado em menor escala em outros lugares, como Reino Unido, Rússia, Índia, México e alguns países da Europa continental. É importante notar que as políticas e regulamentações em relação ao fracking variam de um país para outro, assim como a aceitação e a oposição da prática por parte da população e das autoridades locais.
O fracking é proibido ou está sujeito a restrições em diversos países e regiões. Alguns exemplos notáveis de lugares onde o fracking é proibido ou enfrenta restrições significativas incluem:
França: A França foi um dos primeiros países a proibir o fracking. Em 2011, o governo francês impôs uma proibição total sobre o uso da técnica, citando preocupações ambientais e de saúde pública.
Alemanha: A Alemanha não proibiu completamente o fracking, mas impôs restrições significativas. Em 2017, foi adotada uma legislação que proíbe o fracking em formações rochosas de xisto e argila, bem como em áreas de proteção de água potável.
Escócia: A Escócia adotou uma moratória sobre o fracking em 2015, que permanece em vigor até hoje. A moratória foi estabelecida para permitir uma avaliação mais aprofundada dos impactos ambientais e de saúde antes de tomar uma decisão final sobre a prática.
País de Gales: Em 2015, o País de Gales adotou uma política de moratória sobre o fracking, suspensão essa que ainda está em vigor. A decisão foi tomada para permitir uma análise mais detalhada dos impactos ambientais e para garantir a proteção dos recursos naturais do país.
Irlanda: A República da Irlanda aprovou uma legislação em 2017 que proíbe o fracking, tornando-se o primeiro país do mundo a proibir a técnica por meio de uma lei nacional.
Além desses exemplos, muitos outros países, como Bulgária, Dinamarca e Uruguai, também adotaram proibições ou moratórias sobre o fracking, enquanto outros impuseram restrições severas e regulamentações rigorosas para controlar suas atividades. As políticas em relação ao fracking estão em constante evolução e podem variar ao longo do tempo.
O fracking tem sido associado a diversos problemas ambientais, que geram preocupações significativas. Alguns dos exemplos mais comuns de problemas ambientais relacionados ao fracking são:
Contaminação da água: Existe o risco de contaminação da água subterrânea e superficial devido ao vazamento de fluidos de fraturamento, água de retorno e produtos químicos utilizados no processo. Esses contaminantes podem incluir metais pesados, produtos químicos tóxicos e substâncias radioativas, representando uma ameaça à qualidade da água potável.
Uso excessivo de água: O fracking requer uma quantidade significativa de água para ser realizado. Isso pode criar pressão sobre os recursos hídricos locais, especialmente em áreas onde a disponibilidade de água já é limitada. O uso intensivo de água pelo fracking pode levar à escassez de água em comunidades e ecossistemas.
Liberação de gases de efeito estufa: Durante o processo de fracking, ocorre a liberação de metano, um gás de efeito estufa muito mais potente que o dióxido de carbono. Vazamentos de metano ao longo da cadeia de produção contribuem para o aquecimento global e para a intensificação das mudanças climáticas.
Riscos sísmicos: A atividade de fraturamento hidráulico pode desencadear sismos ou aumentar a atividade sísmica em áreas previamente estáveis. Isso ocorre devido à pressurização dos fluidos injetados, que podem afetar as falhas geológicas e causar terremotos.
Impacto na biodiversidade: A construção de infraestrutura relacionada ao fracking, como estradas, dutos e plataformas, pode causar a fragmentação e a destruição de habitats naturais. Isso pode levar à perda de biodiversidade e afetar a fauna e a flora local.
A extensão e a gravidade desses problemas ambientais podem variar dependendo das práticas de fracking, das regulamentações locais e das características geológicas e hidrológicas de cada região. No entanto, essas preocupações são frequentemente levantadas por críticos do fracking e motivaram ações regulatórias em muitos países.
O registro de problemas relacionados ao uso do fracking foi observado em várias regiões onde a prática foi realizada. Alguns exemplos de locais onde foram registrados problemas decorrentes do fracking incluem:
Estados Unidos: Em várias regiões dos Estados Unidos, onde o fracking é amplamente utilizado, foram relatados problemas significativos. Por exemplo, na Pensilvânia, houve casos de contaminação da água subterrânea com metano e produtos químicos. Em Oklahoma, observou-se um aumento na atividade sísmica relacionada ao fracking.
Canadá: No Canadá, particularmente em Alberta e Colúmbia Britânica, ocorreram casos de contaminação da água, vazamentos de fluidos de fraturamento e impactos na vida selvagem e nos ecossistemas. Também houve preocupações em relação à saúde humana em comunidades próximas a operações de fracking.
Reino Unido: Embora o fracking no Reino Unido ainda esteja em estágios iniciais, já houve problemas registrados. Por exemplo, em Lancashire, foram observados tremores sísmicos associados às operações de fracking, levando a interrupções temporárias nas atividades.
Austrália: Na Austrália, particularmente em Queensland, onde ocorre uma produção significativa de gás de xisto, foram relatados vazamentos de metano, contaminação da água e impactos na agricultura e nos recursos hídricos.
Argentina: A Argentina tem enfrentado desafios relacionados ao fracking, incluindo contaminação da água e impactos nas comunidades locais. Há preocupações com a perda de acesso à água limpa e saudável devido às operações de fracking.
Esses são apenas alguns exemplos, e os problemas podem variar em escala e natureza dependendo das características geológicas, regulamentações e práticas específicas de cada região. É importante ressaltar que nem todas as operações de fracking resultam em problemas ambientais, mas esses casos destacam algumas das preocupações associadas à prática.
Vaca Muerta, localizada na Argentina, é uma das maiores formações de gás e petróleo de xisto do mundo e tem sido alvo de atividades de fracking. No entanto, essa exploração tem gerado uma série de problemas e preocupações na região. Alguns dos principais problemas causados pelo fracking em Vaca Muerta incluem:
Contaminação da água: Houve relatos de contaminação da água subterrânea na área de Vaca Muerta devido ao vazamento de fluidos de fraturamento e produtos químicos utilizados durante o processo. Essa contaminação pode afetar a disponibilidade de água potável e prejudicar os recursos hídricos locais.
Esgotamento dos recursos hídricos: O processo de fracking requer uma quantidade significativa de água para ser realizado. Isso tem impactado os recursos hídricos da região, levando a escassez e conflitos pelo uso da água entre a indústria de fracking, a agricultura e as comunidades locais.
Impactos na saúde humana: Há preocupações com os efeitos na saúde das pessoas que vivem nas proximidades das operações de fracking em Vaca Muerta. Os produtos químicos utilizados nos fluidos de fraturamento podem representar riscos para a saúde, e a exposição a poluentes do ar e da água pode ter consequências negativas para a saúde das comunidades locais.
Impactos ambientais gerais: Além da contaminação da água, o fracking em Vaca Muerta também tem causado impactos negativos na biodiversidade e nos ecossistemas locais. A construção de infraestrutura, como estradas e dutos, pode fragmentar habitats naturais e afetar a fauna e a flora da região.
Impactos socioeconômicos: Embora o fracking em Vaca Muerta tenha sido promovido como uma oportunidade de desenvolvimento econômico para a região, também tem gerado desafios sociais e econômicos. As comunidades locais podem enfrentar deslocamentos, mudanças socioeconômicas e dependência excessiva da indústria do petróleo e gás, o que pode trazer incertezas e desequilíbrios.
Esses problemas têm gerado debates intensos na Argentina sobre os custos e benefícios do fracking em Vaca Muerta, com preocupações sobre os impactos ambientais, a saúde das comunidades e a sustentabilidade a longo prazo.
No Brasil, existem algumas áreas com potencial de reservas de xisto, especialmente nas bacias sedimentares do país. As principais regiões onde se encontram as reservas de xisto no Brasil são:
Bacia do Paraná: A Bacia do Paraná, localizada principalmente nos estados do Paraná e Santa Catarina, possui potencial para reservas de xisto. A formação Irati, presente nessa bacia, contém depósitos de folhelhos betuminosos, que são uma fonte de xisto.
Bacia do Parnaíba: A Bacia do Parnaíba, localizada nos estados do Maranhão, Piauí e Tocantins, também possui potencial para reservas de xisto. A formação de Grajaú é uma das áreas de interesse nessa bacia, com depósitos de folhelhos betuminosos.
O potencial de reservas de xisto no Brasil ainda está em fase de avaliação e estudo, e não há exploração comercial em grande escala até o momento. Além disso, a viabilidade econômica e os impactos ambientais associados à extração de xisto no país são tópicos de discussão e estudo. Portanto, o desenvolvimento das reservas de xisto no Brasil ainda está em estágios iniciais e requer análises mais aprofundadas para determinar sua viabilidade e impactos.
No Rio Grande do Sul, há áreas com potencial para reservas de xisto, especialmente na região da Bacia do Paraná. A Bacia do Paraná se estende pelo estado do Paraná e também penetra na região nordeste do Rio Grande do Sul. Nessa área, existem formações geológicas que contêm folhelhos betuminosos, que são uma fonte de xisto.
As principais áreas no Rio Grande do Sul onde foram identificadas ocorrências de xisto são:
Região de São Jerônimo: Localizada na parte leste do estado, a região de São Jerônimo, próxima ao município de Charqueadas, tem sido objeto de estudos e pesquisas relacionadas às reservas de xisto. Nessa área, foram identificadas ocorrências de folhelhos betuminosos que indicam o potencial de reservas de xisto.
Região de Santa Maria: Na região central do Rio Grande do Sul, próximo ao município de Santa Maria, também foram identificadas ocorrências de folhelhos betuminosos com potencial de reservas de xisto.
Assim como em outras regiões do país, o potencial de reservas de xisto no Rio Grande do Sul ainda está em fase de avaliação e estudo. A viabilidade econômica, os aspectos técnicos e os impactos ambientais associados à exploração de xisto são tópicos que requerem análises mais aprofundadas para determinar a possibilidade de desenvolvimento dessas reservas.
Há informações de ocorrências de folhelhos betuminosos na região de São Gabriel, no estado do Rio Grande do Sul, indicando um potencial para reservas de xisto nessa área. No entanto, é importante observar que o potencial de reservas de xisto em São Gabriel e em outras partes do estado ainda está em fase de estudos e pesquisas.
A presença de folhelhos betuminosos é um indicativo da possibilidade de existência de xisto, que é uma rocha sedimentar rica em matéria orgânica. No entanto, para determinar o verdadeiro potencial de reservas e a viabilidade econômica da extração de xisto em São Gabriel, são necessárias pesquisas geológicas mais detalhadas e análises específicas da área.
A exploração de reservas de xisto envolve considerações técnicas, econômicas e ambientais complexas, e a viabilidade de desenvolvimento dependerá de diversos fatores, incluindo os custos de extração, os preços dos produtos obtidos do xisto e os impactos ambientais associados.
A exploração de xisto é uma questão sujeita a regulamentações específicas e requer estudos aprofundados para determinar a viabilidade e a sustentabilidade do empreendimento em cada localidade.
Ivan Almeida, PHD em Fracking e xisto
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