Os escorregões de Lula, por Lourival Sant’Anna/O Estado de São Paulo

 

 

O presidente Lula queria causar sensação com sua política externa. Conseguiu. Sensação de decepção na Europa e nos Estados Unidos. E de agradável surpresa na Rússia e na China.

O jornal francês Libération, originalmente de esquerda, estampou em sua capa: “Lula la decepção” — assim mesmo, em português. A reportagem é intitulada “Lula, o falso amigo dos ocidentais”, e explica: “Ele era esperado como o messias, mas a imagem ficou um pouco manchada. Os ocidentais não estão mais exultantes. Porque o presidente brasileiro não é o precioso aliado que imaginávamos. Especialmente quando se trata de condenar ao ostracismo o novo pária do Ocidente: a Rússia, culpada de uma intolerável invasão da Ucrânia”.

E continua: “Como o resto da América Latina, que pretende representar no cenário internacional, Lula condena, mas não impõe sanções. Pior: ele garante que as responsabilidades são compartilhadas, quando o Ocidente exige apoio incondicional a Kiev”. O texto critica também a afirmação de Lula de que rotular o regime venezuelano de ditadura não passa de “narrativa”.

Sobre a reunião do papa Francisco com Lula, o Vaticano informou que “houve uma troca positiva de pontos de vista sobre a situação sociopolítica da região (latino-americana)”. Por trás da linguagem diplomática, a rejeição da Igreja à posição do presidente brasileiro em relação à Nicarágua, onde o bispo Rolando Álvarez foi condenado a 26 anos de prisão por criticar a ditadura. Em março, o Brasil não aderiu à declaração assinada por 55 países condenando as violações do regime de Daniel Ortega, no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

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