A trama de desvios da Pró-Saúde, liderada por influente quadro da Igreja, por Ricardo Ferraz/Veja

Como padre, Wagner Portugal, 49 anos, escalou a hierarquia da Igreja Católica ao demonstrar rara capacidade para administrar as verbas das paróquias por onde passou em sua trajetória de mais de uma década ao púlpito. Assim, lançando mão da notória simpatia, foi se aproximando da alta cúpula do clero brasileiro. Mas logo tomou um tombo, tamanho era seu apetite no campo dos negócios. Isso acabou irritando seus superiores, e o caso foi parar à mesa do Vaticano, que o expulsou do sacerdócio em 2017. Os laços com a cúria, porém, nunca cessaram — a ponto de o ex-pároco assumir o comando da Pró-Saúde, uma das grandes organizações sociais (OS) dedicadas à administração de hospitais públicos, que conta com padres e bispos eméritos em sua diretoria estatutária.

No posto, Portugal costuma alardear que aquela é sua “catedral”. Os primeiros problemas em sua gestão vieram à tona em 2019, quando o então CEO assinou um acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato, admitindo participação em um esquema de pagamento de propina no valor de 52 milhões de reais para obter contratos no Rio de Janeiro.

Pois aquilo era só a ponta de um dreno de dinheiro do Estado brasileiro bem mais abrangente, um enredo agora trazido à luz depois de vasta investigação. A artilharia contra Portugal começou com denúncias de ex-funcionários que o acusam de se apossar de recursos da OS para sustentar uma vida de regalias, com carros de luxo, motoristas à disposição e jantares regados a Brunellos di Montalcino.

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