Viamão 300 Anos
É difícil precisar as raízes ou os fatos inaugurais que, com o passar do tempo, estarão na origem de uma comunidade, uma cidade, um estado ou um país. Ainda mais se estes eventos fundadores ocorreram há três séculos numa remota porção de um continente ainda desconhecido, como acontece com Viamão.
“Há muitas inexatidões em datas-chaves das primeiras comunas riograndenses”, constata o padre Ruben Neis, meticuloso investigador da história regional. No caso de Viamão, a ambiguidade começa pela origem do nome, passa pelos limites do território, que chegou a ser chamado “Continente”, e compreende a imprecisão sobre os primeiros que se estabeleceram na região.
No entanto, é nestes tempos incertos que estão as primeiras sementes do que viria ser a Viamão de hoje – e não só Viamão. A povoação, formalizada em 1747 com o título de Freguesia, tem suas origens nas décadas anteriores, quando se estabeleceram ali as primeiras estâncias.
Não é mero detalhe. A estância é a unidade original – a “célua social do Rio Grande”, como diz Dante de Laytano – e as primeiras foram nos “Campos de Viamão”. O corte histórico para os efeitos deste trabalho não se relaciona a uma data precisa, um aniversário ou registro oficial. É apenas um recuo no tempo para incorporar um período que está na gênese de Viamão – e não só Viamão – e sobre o qual são escassos os documentos e se pairam muitas dúvidas, mesmo entre os pesquisadores mais dedicados. Este é o ponto de partida. O ponto de chegada é a Viamão de hoje, ante os desafios e as expectativas deste século 21, ainda no começo.
Nossa pretensão é um trabalho jornalístico, que se vale de fontes bibliográficas e orais e de registros visuais, para produzir relatos mais acessíveis ao grande público, buscando ampliar a difusão de informações essenciais à cidadania e às escolhas que uma comunidade faz.
Em 2023, Viamão é o maior município da Região Metropolitana de Porto Alegre, a maior reserva territorial e ambiental de um espaço urbano integrado onde vivem mais de 4 milhões de pessoas, quase 40% da população do Rio Grande do Sul, no eixo de uma região industrial que vai até a Serra,
em Caxias do Sul.
Este é o tema que introduzimos agora e desdobramos na continuidade.
Elmar Bones
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