E Lula chorou, por Merval Pereira/O Globo
O presidente Lula chorou na reunião em que demitiria Daniela do Waguinho do Ministério do Turismo. Alguma coisa está errada nesse emocionalismo excessivo. Os dois, Waguinho e Daniela, nunca foram petistas, nem próximos a Lula. A saída do ministério não se deu por uma crise daquelas sérias, que deixam sequelas em velhos amigos, como sempre acontece nos governos.
Nem o ministério tem importância, infelizmente. A ponto de ser dado para uma deputada que nada tem a ver com o assunto, que agora será sucedida por outro deputado, que também não entende nada de turismo. Não me lembro de Lula ter chorado quando o então todo-poderoso ministro José Dirceu teve de se demitir da Casa Civil em meio à crise do mensalão. Nem mesmo quando vários deputados, esses sim, chorando, saíram do PT em protesto contra a corrupção escancarada.
Não há razão aparente para o choro do presidente. Pelo menos o choro por Daniela do Waguinho não tem o mesmo peso político do choro que frequentemente toma conta de Lula quando ele fala de pobreza, de desigualdade. Esses choros, que foram frequentes durante a campanha presidencial, têm sentido, combinam com as preocupações sociais que basearam a carreira política de Lula.
Chorar por tão pouco — por Waguinho, que nem lhe deu uma vitória em seu território eleitoral, Belford Roxo, no Rio; por um ministério que não tem peso político nem é fundamental no seu plano de governo — é sinal de que a pressão está sendo sentida, por maior que seja sua experiência. Lula, por mais que soubesse que o país está dividido, achava que uma vitória abriria caminho para impor-se como se impusera noutros tempos.
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