“Democracia é vital”, diz Elizabeth Frawley Bagley, embaixadora dos EUA, por Caio Saad e Ernesto Neves/Veja

 

 

Figura do alto escalão do Partido Democrata, a americana Elizabeth Frawley Bagley, 70 anos, desembarcou no Brasil em fevereiro para ocupar o posto de embaixadora americana, a mais recente  escala numa carreira de quatro décadas em que se fez ouvir em momentos cruciais. Dias depois,  estava em pleno Carnaval de Salvador, no camarote de Gilberto Gil. “Já comi moqueca, churrasco e pão de queijo”, diz, ao listar o cardápio em seus dias de estreia no cargo. Elizabeth deixa claro que pretende estreitar os laços entre os dois países, relação historicamente estável, mas que sofreu abalos na gestão de Jair Bolsonaro e vem sendo testada pela atual proximidade entre Brasília e
Pequim. Especialista em direito internacional, ela, que já foi embaixadora em Portugal, traz no currículo a participação no tenso acordo de Camp David, que, em 1979, selou a paz entre Egito e Israel. Foi ainda conselheira sênior de sete secretários de Estado, entre os quais John Kerry e Hillary Clinton, e de quatro presidentes, o último deles Joe Biden. No consulado americano no Rio, ela concedeu a VEJA a entrevista a seguir, em que não se esquivou dos mais incandescentes temas da política externa.

Durante encontro com líderes sul-americanos em Brasília, o presidente Lula afirmou que existe uma “narrativa” global contra a Venezuela e que não é possível não haver por lá “um mínimo de democracia”. Como os Estados Unidos recebem essas declarações?

Lula pode dizer o que quiser, o Brasil é um país livre e soberano. Mas nós discordamos. Na prática, milhões de pessoas tiveram de fugir da Venezuela.

Estamos torcendo para que aconteçam ali eleições livres e justas no ano que vem. Temos esperança de que Lula, com a amizade renovada com Nicolás Maduro, irá encorajá-lo a realizar um pleito limpo e monitorado por órgãos internacionais, seguindo as diretrizes da ONU.

Lula também teceu críticas às sanções impostas pelos Estados Unidos ao regime de Maduro, que estariam na raiz da profunda crise venezuelana. Faz sentido?

Sabemos que Lula e seu governo nunca quiseram sanções unilaterais. Só que elas não são unilaterais. Foram impostas por consenso da ONU. É enganoso dizer que são exclusivamente dos Estados Unidos.

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