Cobram até professor por nota: por que pais se envolvem cada vez mais na vida do filho na faculdade?, por Renata Cafardo/O Estado de São Paulo

 

 

Um pai entra na sala de professores de uma faculdade particular e exige que o docente reveja a nota dada para a filha em um trabalho. Em outra instituição, a mãe quer que o coordenador do curso faça com que o filho pare de faltar às aulas para ver a namorada. E outros tantos buscam as universidades para saber do desempenho dos filhos, algo impensado há alguns anos. São histórias reais e cada vez mais comuns no ensino superior, em especial privado, em que os pais pagam altas mensalidades.

Mas especialistas dizem que essa interferência não ocorre só pela questão financeira. Acreditam que o comportamento pode refletir uma educação superprotetora desde a infância, que leva a jovens menos autônomos e menos resilientes. Há ainda, porém, quem considere a participação das famílias compreensível, já que se trata de um momento de escolha de carreira – desde que não ultrapasse certos limites.

A geração atual de universitários também é vista como menos madura, insegura, com o desenvolvimento prejudicado pelo impacto das tecnologias nas relações pessoais e por ter vivido a adolescência na pandemia.

As universidades passaram a perceber a demanda e já oferecem reuniões de pais e canais de comunicação diretos com as famílias. No Insper, elas são recebidas tanto no momento do vestibular quanto no primeiro ano. Há reuniões em fevereiro e agosto entre os pais dos calouros e a direção. “É uma das estratégias para lidar com a situação, passar segurança da formação que pretendemos dar, mostrar a estrutura, mas estabelecer limites e dizer que o aluno tem autonomia para resolver os problemas dele”, diz o presidente do Insper, Guilherme Martins.

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