Dez juízes e um amigo, por Eduardo Affonso/O Globo

Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou:

— Não é prudente, não é democrático um presidente querer ter os ministros do STF como amigos.

Mas quem disse isso foi o candidato — e, assim como nenhum noivo declara, no altar, que cometerá adultério, promessas de candidato devem ser tomadas com um grão de sal. São palavras para escrever na areia, em dia de ressaca, não para fundir em bronze ou gravar em granito.

Lula tem bons motivos para não querer repetir “erros”, como as indicações de ministros que acabaram por se comportar como juízes, eventualmente votando contra o que lhe interessava. Cachorro picado por cobra tem medo de linguiça, e as marcas das presas de Cármen Lúcia, Dias Toffoli e, principalmente, de Ayres Britto e Joaquim Barbosa ainda devem doer na canela e na memória do presidente — lembrando que mais vale um ato imprudente e antidemocrático na mão que a probabilidade de independência e imparcialidade voando.

Lula pode até não ter medo do julgamento da História — e crer, como Fidel Castro, que ela o absolverá. Mas não quer correr o risco de ser condenado, de novo, pela Justiça. Daí a escolha muito mais política (no mau sentido) do que técnica: o notável saber jurídico do futuro ministro Zanin se resume a uma suada e infatigável defesa, que o fez passar de advogado desconhecido a uma espécie de São Judas Tadeu dos recursos e embargos.

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