O prejuízo de US$ 56 milhões do filho de ditador da Guiné Equatorial, por Sérgio Quintella/Veja

 

 

Com a facilidade de quem pega o carro rumo à praia no fim de semana, o vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Nguema Obiang Mangue, de 54 anos, embarcava em seu jato particular, um  Gulfstream V, avaliado em 35 milhões de dólares, rumo a países como França, Estados Unidos, Suíça e Brasil. Filho de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, 81, ditador da Guiné Equatorial desde 1979 e que dispõe de uma fortuna de 600 milhões de dólares, Teodorin, como é mais conhecido, deve ser o sucessor do pai. Em terra, durante as viagens ao exterior, revezava-se nos deslocamentos a bordo de veículos de marcas como Lamborghini, Ferrari, Bentley e Rolls-Royce. Outro de seus hábitos envolvia a promoção de baladas privadas em mansões ou hotéis, como o Copacabana Palace, no Rio. Chegava a alugar dez suítes para hospedar seu estafe e convidados, entretendo-os com atrações como shows de integrantes de escolas de samba. Uma delas foi a Beija-Flor, agremiação que recebeu em 2015 do bolso dele um patrocínio de 10 milhões de reais para contar na avenida a história do país africano. Três anos depois, contratou para a festa de seu aniversário integrantes da Mangueira, além de artistas como Lexa e Ludmilla.

Prestes a completar 55 anos, Teodorin agora não tem muito que comemorar. O festeiro filho do ditador passou a ser investigado por lavagem de dinheiro e teve confiscada parte de seus bens no exterior. Recentemente, a Justiça brasileira seguiu o mesmo caminho, determinando o sequestro de uma cobertura dúplex localizada em São Paulo, além de carros importados, de uma coleção de relógios e de uma boa quantia de dinheiro em espécie. O patrimônio soma 56,5 milhões de dólares, o equivalente a mais de 277 milhões de reais.

As investigações por aqui começaram em 2018, quando a Polícia Federal desconfiou que Teodorin havia comprado o dúplex de quase 1 000 metros quadrados, avaliado em 15,2 milhões de dólares, por meio de uma empresa de fachada. “Apesar de a embaixada da Guiné Equatorial alegar ser a real proprietária do imóvel, não reside ali nenhum agente diplomático, tampouco há qualquer comprovação de que a missão diplomática notificou as autoridades brasileiras de que o referido imóvel seria utilizado para missões com esses fins”, diz parte da acusação, à qual VEJA obteve acesso. Na época, Teodorin recebia 75 000 dólares anuais como ministro de seu país, valor insuficiente para adquirir o imóvel. A lista de bens inclui também sete veículos de luxo, como uma Lamborghini Aventador, uma Porsche Cayenne Turbo e uma Maserati, entre outros carros, todos apreendidos judicialmente.

Leia mais em Veja