Las Mercedes, o bairro de Caracas que virou epicentro do boom de luxo e capitalismo da Venezuela/BBC

 

 

Cai a noite na capital venezuelana e uma roleta com centenas de dólares em fichas gira velozmente em um hotel de luxo na zona leste de Caracas.

Os rostos dominados pela ansiedade acompanham a roleta, imóveis por alguns segundos, até que ela para de girar e um jovem solta um grito de alegria: ele acaba de ganhar US$ 500 (cerca de R$ 2,6 mil).

No outro lado da mesa, uma mulher elegante com cerca de 50 anos de idade franze rapidamente o nariz, hesita por dois segundos e aposta mais US$ 200 (cerca de R$ 1,03 mil).

Boa parte da capital venezuelana já descansa, protegendo-se da insegurança de Caracas. Mas a noite no bairro de Las Mercedes está apenas no começo.

Depois de muitos anos de decadência, devido à forte crise econômica do país, a agitada vida noturna desta região tranquila da capital conseguiu renascer, em parte, graças à liberalização e à economia que, na prática, foi dolarizada e volta a permitir os investimentos privados, ainda que ampliando as desigualdades do país.

“Las Mercedes era uma bolha dentro de uma bolha”, afirma Darwin González, político de oposição ao governo do presidente Nicolás Maduro e prefeito de Baruta, o município de Caracas onde fica Las Mercedes.

“Ela se tornou uma região privilegiada que não se parece em nada com o resto da Venezuela. Algumas pessoas vão a Las Mercedes e sentem uma distorção da realidade venezuelana”, admite ele à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

O prefeito chegou a afirmar que há “vários anos” não recebe relatos de criminalidade na região. Caracas é conhecida por ser uma das cidades mais violentas do mundo.

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