‘Não precisa invasão para fazer reforma agrária’, diz Tereza Cristina, por João Pedroso de Campos/Veja
Bastião eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro, o agronegócio elevou em alguns graus sua desconfiança e os temores em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na largada do terceiro mandato do petista. Como mostra reportagem de VEJA desta semana, apesar do discurso ameno endereçado aos produtores durante a campanha, acenderam o alerta no agro as recentes invasões do MST a áreas da Embrapa, sedes do Incra e terras produtivas da Suzano, gigante do ramo de papel e celulose, na Bahia e no Espírito Santo, além da presença de João Pedro Stédile, líder do movimento, na comitiva de Lula em viagem à China.
Importante interlocutora do setor, a senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, avalia que faltam ao governo Lula gestos mais firmes ao agro contra as invasões. Neste sentido, no entanto, é tarefa delicada ao presidente o equilíbrio entre as demandas do setor, principal componente do PIB nacional, e sua histórica e notória aliança com o MST. “O governo ainda não se posicionou dizendo ‘somos contra’. Tem alguns ministros contra, outros a favor. Acho que falta esse posicionamento, esse gesto para com o agro”, disse a senadora a VEJA. Diante de pressões ruralistas para que tomasse posição, o atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ligado ao agronegócio, chegou a comparar os casos recentes com os atos golpistas de 8 de janeiro. A declaração pegou mal bastidores do governo e acabou rebatida
publicamente pelo outro ministro com o pé no campo, o titular da pasta do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. “A posição do ministro contra as invasões traz uma pacificação, porque as pessoas hoje estão com medo de haver invasões”, afirma Tereza Cristina. Alvo recente de uma tentativa de invasão a uma fazenda de sua família em Terenos (MS), Tereza Cristina avalia movimentos como esse como um “retrocesso” e diz que a reforma agrária não depende deles.
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