Maria Cristina Fernandes: A bomba atômica da política/Valor Econômico
“O impeachment é como a bomba atômica, é para dissuadir, não para usar.” Passados sete anos, a radioatividade alertada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ainda paira sobre Brasília. Potencializada com a posse de Michel Temer, cristalizou-se na ascensão do bolsonarismo e formatou a polarização da escolha de Luiz Inácio Lula da Silva.
A frente ampla formada para derrotar Jair Bolsonaro não se reproduziu no ministério. Mas esta é apenas uma das razões pelas quais, quatro meses depois da posse, as pautas do governo não avançaram no Congresso.
As mesmas forças que capitanearam o afastamento de Dilma Rousseff hoje lideram o bloqueio ao governo Lula. Se, lá atrás, o fizeram para conter o avanço da Lava-Jato, hoje se movem para manter o espaço conquistado nos governos pós-impeachment.
Em “Operação impeachment – Dilma Rousseff e o Brasil da Lava-Jato” (Todavia, 2023), Fernando Limongi refuta as teses de que o afastamento de Dilma decorreu da pressão das ruas ou da fragilidade da presidente, ainda que, do pico de popularidade com o qual assumiu, tenha migrado para uma escalada do desemprego e o declínio acentuado da atividade econômica.
O autor atribui sua queda às fissuras na coalizão de governo e na própria operação Lava-Jato e mostra como o sistema político se organizou para derrubar a presidente que o ameaçava. A blindagem a Temer, presidente que governou sob rechaço popular, acaba por respaldar a tese do livro.[
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