CPMI será uma incubadora de crises para Lula, por César Felício, Valor Econômico
CPI boa para o governo é uma raridade. A última que talvez pudesse ser enquadrada assim foi a CPI dos Precatórios, de 1997, que atingiu o grupo político do ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, um potencial rival do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito, mista ou não, é uma arma clássica da oposição, e emparedam governos de muitas formas.
Não há como, portanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sair-se bem diante de uma CPMI para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro. A narrativa que os bolsonaristas querem construir – a de que as depredações teriam sido obras de infiltradas, em um complô lulista para desmoralizar a oposição- tem a consistência de uma teoria da conspiração pouco elaborada. Isso, contudo, é irrelevante.
A CPI dará palco a uma oposição bastante estridente e tende a produzir vários resultados, todos ruins para Lula: um deles, a curto prazo, cria dúvidas na opinião pública sobre o compromisso do governo federal com a democracia, com a tese conspiratória. Este foi em 2022, e ainda é, o principal trunfo de Lula para construir uma base fora do arco da esquerda, diante da oposição iliberal que o bolsonarismo representa.
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