Veja como senadores usam dinheiro público para abastecer seus jatinhos particulares, por Victor Fuzeira/Isto É

 

 

Após inércia de quatro anos, o Senado reinstalou o Conselho de Ética e elegeu os parlamentares que irão compor o colegiado pelo próximo biênio. Por aclamação, os titulares da comissão, a quem compete o julgamento de denúncias por quebra de decoro parlamentar, elegeram Jayme Campos (União-MT) para a presidência. O senador mato-grossense havia sido alçado à cadeira ainda em 2019, mas não chegou a comandar sequer uma sessão à época em função da pandemia, que alterou a dinâmica da atividade parlamentar. Na função de juiz da conduta de seus pares, Campos terá que lidar com dilemas éticos. É ele um dos alvos das 35 denúncias paralisadas pelo hiato nas atividades. A petição é motivada por uma briga sua com um desafeto em ato político em Várzea Grande (MT), em 2020. Em 2017, o ex-prefeito do município foi condenado pela Justiça Federal a restituir verbas aos cofres públicos por prejuízos causados enquanto gestor municipal, em decisão mantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Como se não bastasse, o senador, dono de um patrimônio avaliado em mais de R$ 35 milhões, utiliza-se da cota parlamentar, que deveria ser usada para cobrir despesas essenciais do mandato, com a finalidade de abastecer o próprio jatinho.

A ISTOÉ apurou com exclusividade que apenas no primeiro trimestre deste ano o senador solicitou o reembolso de quase R$ 20 mil gastos para encher o tanque de sua aeronave, um jatinho modelo Raytheon Beechraft, avaliado em R$ 6,2 milhões. O combustível usado foi querosene de aviação. As notas fiscais apresentadas por Jayme Campos correspondem a voos feitos por ele em janeiro, quando o Congresso estava de recesso. No mesmo mês, o mato-grossense também recorreu às passagens pagas pela Casa para poder viajar. Ele gastou R$ 6.513,99 em trechos de Cuiabá-Brasília. Nos outros meses deste ano, apesar de não ter solicitado a devolução do dinheiro gasto com combustível de aviação, voltou a usar os tíquetes aéreos. Somadas as despesas de fevereiro e março, foram R$ 24,6 mil em viagens pagas pelo gabinete.

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