100 dias: Lula inicia governo em águas turbulentas, por Vinicius Doria e Taísa Medeiros/Correio Braziliense

 

 

“Pela frente, uma eternidade até o Brasil. Pra trás, uma costa inóspita, desolada e perigosamente próxima. Sabia melhor do que ninguém das dificuldades que eu teria daquele momento em diante.” Foi com essas palavras que o navegador Amyr Klink descreveu o que sentiu ao lançar-se ao mar em um barco a remo, sozinho, em um porto da Namíbia, para uma jornada que duraria exatos 100 dias rumo ao Brasil. O trecho do livro Cem dias entre céu e mar pode bem servir de metáfora para a primeira centena de dias — a se completar amanhã — do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O solitário navegante e o presidente partiram para suas respectivas jornadas em festa. O primeiro, no porto africano, cercado por amigos e sob uma chuva de flores, em junho de 1984. O outro, na rampa do Palácio do Planalto, com uma multidão a aplaudi-lo. Além da duração, ambas as travessias foram marcadas por percalços, ameaças, conquistas e alegrias.

No caso do presidente eleito para comandar o país pela terceira vez, a primeira tormenta veio logo no oitavo dia de governo, com a tentativa destrambelhada de golpe de Estado perpetrada por um bando de opositores abrigados no acampamento do QG do Exército, sob o olhar complacente de generais e oficiais de alta patente e, também, de quem comandava as forças de segurança da capital do país. O governo que começou em clima de confraternização voltava a enfrentar um adversário que fora cevado com generosidade nos quatro anos anteriores: a extrema-direita.

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