Não estou fazendo nada… Elegemos muita gente comum que, empossada, torna-se nobre com os privilégios nos cargos, por Roberto DaMatta/O Estado de São Paulo

 

 

“O i, como vai você?”

“Vou bem, e você?”

“Tento escrever uma crônica e está complicado. Você está fazendo o quê?”

“Roberto, eu não estou fazendo nada!”

Essa afirmação me intriga. Afinal, o “não fazer nada” está em oposição complementar ao “fazer alguma coisa” que nos remete à universalidade do trabalho e do lazer. Do pêndulo: movimento/repouso. E, no caso brasileiro, a expressão tem uma ligação direta com a preguiça como um valor que consagra o ter emprego, mas não trabalho. Sai e entra governo, mas esse projeto permanece imutável.

Afinal, o que isso significa realmente? Sei que o nada é uma categoria difícil de ser traduzida. Aliás, eu não seria ingênuo a ponto de pretender explicar o tratado de Jean-Paul Sartre – O Ser e o Nada – publicado nos anos 1940, no qual se discute a construção do humano como um atuar sobre o mundo. Uma intenção sem a qual nos colocaria diante da paralisia do “nada”…

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