DANIEL ORTEGA: A CONSTRUÇÃO DE UM TIRANO, por FABIÁN MEDINA/EL PAÍS

 

 

Matéria originalmente publicada dia 06 de Novembro no El País:

Neste domingo, Daniel Ortega garantirá seu quarto período consecutivo como governante. Fará isso apesar de ser acusado de crimes contra a humanidade e de registrar os piores índices de popularidade de sua história política. A mais recente pesquisa do Cid Gallup apontou que ele perderia contra qualquer um dos sete opositores que manifestaram o desejo de disputar a presidência. Ele resolveu esse problema colocando todos eles na prisão. É o ditador se mostrando de corpo inteiro.

Sobre Daniel Ortega, já foi dito que era o mais apagado e anódino dos nove comandantes da revolução liderando aquela horda jubilosa que descarregava suas metralhadoras para o alto em 20 de julho de 1979. Disse isso Sergio Ramírez Mercado, que o conheceu no exílio na Costa Rica e, já no poder, acompanhou-o como seu vice-presidente. Também disse isso Moisés Hassan, ex-guerrilheiro e companheiro de Ortega na Junta de Governo nos primeiros anos revolucionários. “Era apoucado”, descreve Ramírez.

“Sua falta de escrúpulos o levou até onde está”, diz também sobre Ortega um velho comandante da revolução dos anos oitenta na Nicarágua. Pede que não seja citado por seu nome. Poucas pessoas revelam seu nome e seu rosto para opinar na Nicarágua de hoje. Qualquer palavra que irrite Daniel Ortega ou sua esposa, Rosario Murillo, pode levar o desafortunado a acabar com seus ossos na prisão. Ou com bens confiscados, perseguido ou exilado. Não importa se for alguém da terceira idade ou um velho companheiro de armas. “É isso, a falta de escrúpulos”, repete.

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