O SÍNODO DA AMAZÔNIA

O Brasil quer participar do Sínodo da Amazônia previsto para o mês de outubro, em Roma, e há uma reação incompreensível por parte da CNBB que não pretende levar ao Vaticano um pedido do governo brasileiro para estar presente no encontro.

O cardeal Dom Cláudio Hummes foi encarregado de encaminhar a solicitação de Brasília, mas o arcebispo emérito de São Paulo sugeriu que o governo tomasse a iniciativa através da Embaixada do Brasil na Santa Sé. Já o bispo emérito do Xingu (Pará), Dom Erwin Kräutler, deu a entender que não quer o Planalto discutindo temas como meio ambiente e situação dos índios na Amazônia, pois “nós conhecemos a região muito melhor do que qualquer integrante do governo federal”.

Com o devido respeito, Dom Erwin pensa que está falando com alguém subalterno seu ao subestimar o controle que o governo brasileiro precisa manter sobre a Amazônia. Por que o Brasil não pode estar oficialmente representado no Sínodo da Amazônia?

A questão ambiental e a vida dos índios são de responsabilidade constitucional de Brasília e é para isso que o governo tem um Ministério do Meio Ambiente, Incra e a Funai. Para o bispo do Xingu, o encontro será religioso e irá tratar dos novos caminhos da evangelização e é aí que mora o perigo.

Convém lembrar que há um plano conhecido como “Igreja Pan-amazônica” onde se agrega outro projeto, o “Corredor Tríplice A” – uma faixa territorial que inicia no Atlântico e termina nos Andes, atingindo áreas de oito países amazônicos.

Se apenas o Brasil tem interesse em participar do encontro no Vaticano é porque há razões estratégicas do governo brasileiro em saber quais são as pretensões evangélicas na região. Ninguém desconhece o controle que os adeptos da Teologia da Libertação (boa parte da CNBB) e diversas ONGs internacionais têm na Amazônia sobre os povos indígenas, populações ribeirinhas, sem-terra, extrativistas e quilombolas que se enfrentam com posseiros, proprietários rurais e traficantes.

Há um clima permanente de conflito na região e o novo governo brasileiro precisa estar atento ao que se vai discutir no Sínodo da Amazônia, em outubro, no Vaticano.

Goste ou não a CNBB.