FHC E O GOVERNO BOLSONARO

No dia 17 de dezembro de 2018, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse num encontro de jovens, em São Paulo, que evitaria comentar os projetos do recém-eleito governo de Jair Bolsonaro por que “eu quero ver primeiro para depois julgar”.

Menos de um mês depois, FHC já está julgando Bolsonaro conforme entrevista à Radio France Internationale (RFI) e afirmando que o governo começou complicado e que não imagina o mundo aplaudindo algumas ideias de Bolsonaro. Para ele “a percepção do resto do mundo e particularmente na França é negativa”.

Talvez o ex-presidente FHC esteja com problemas sensoriais, pois não tem sido assim o que o mundo civilizado diz sobre Bolsonaro. As melhores e mais desenvolvidas nações – Estados Unidos, Israel, Itália, Canadá, entre outras – estão otimistas com o novo governo brasileiro porque apostam que o Brasil terá mais segurança jurídica a oferecer a quem quiser investir por aqui. Com a possibilidade de controle mais rigoroso agora para evitar a corrupção endêmica que dominava as relações dos governos petistas ficará mais fácil a consolidação de negócios em nosso país.

FHC tem serviços inestimáveis prestados ao Brasil, especialmente no seu primeiro governo quando garantiu a manutenção do Plano Real, criado por Itamar Franco, em 1994, mas desde que deixou o Palácio do Planalto parece que ficou com saudade do cargo. Passou a acreditar que ainda poderia voltar a presidir o país, mesmo que seus “amigos” petistas – ex-companheiros do mesmo palanque do “Diretas Já”– tivessem criado a maior campanha de moagem de sua reputação, com o tradicional apoio da mídia já engajada a Lula e Dilma por afinidades ideológica e financeira.

Escanteado e quase esquecido pelo brilho do petismo e seus devaneios sobre o novo Brasil Potência, com Lula se achando o novo estadista da América Latina, FHC teve seu nome lembrado para disputar a eleição presidencial do ano passado, mas negou que tivesse tal intenção.

“Eu? Olha a minha cara, a minha idade…” – disse recusando a possibilidade, mas, provavelmente, de ego alimentado pela sugestão apresentada numa reunião, em maio de 2017, na sede da fundação que leva o seu nome.

O ex-presidente FHC continua sendo um nome respeitado internacionalmente, com destaque para a imprensa de esquerda e com vínculos com o petismo – BBC, CNN, El País (Madrid) e na maior parte da mídia francesa (Le Monde, RFI, Libération e L’Humanité) – mas passou dos limites ao afirmar que já existe uma “percepção negativa na França e no resto do mundo” a respeito do governo Bolsonaro.

E para tirar essa impressão negativa, Jair Bolsonaro estará em Davos, representando o Brasil junto às maiores e mais desenvolvidas nações do planeta.

Será um bom teste de prestígio do novo presidente, quem sabe até contrariando a opinião de FHC.