AS OFENSAS AO STF

Numa sociedade democrática, os poderes da Nação podem ser criticados, jamais ofendidos.

A ofensa que ainda ocupa as manchetes é a do deputado federal Eduardo Bolsonaro que, numa palestra, diante de uma pergunta absurda saiu-se com uma resposta absurda.

“Se o seu pai ganhar no primeiro turno, existe a possibilidade de o STF impedir a posse dele e neste caso o Exército agir sem ter invocado um artigo da Constituição?” – perguntou um jovem da plateia, sabe-se lá com qual intenção.

Eduardo Bolsonaro, depois de classificar a situação proposta na pergunta como a “criação de um estado de exceção”, disse que para “fechar o STF bastam um cabo e um soldado”.

Pergunta e resposta absurdas que seriam congeladas ali mesmo, se não houvesse tanta repercussão patrocinada pela Folha de São Paulo e alimentada pelas redes sociais petistas. Jair Bolsonaro pediu desculpas e também o seu filho fez o mesmo.

Mas e as ofensas de Lula em conversa telefônica com Dilma? “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado…”. 

José Dirceu fez declarações mais graves contra o Poder Judiciário, considerando-se a sua situação de condenado por mais de 30 anos de prisão e gozando de uma questionável liberdade. Mesmo assim, arrogante e sentindo-se um “guerreiro do povo brasileiro”, ofendeu no atacado: “O Judiciário não é um poder da República e é preciso tirar os poderes do Supremo. Deveria ser só Corte Constitucional”.

Imaginem o Marcola ou o Fernandinho Beira Mar fazendo comentários semelhantes sobre a Justiça brasileira?

O deputado federal Wadih Damous (PT-TJ) e ex-presidente da OAB/RJ, logo um homem da lei e conhecedor do Poder Judiciário, foi fundo na sua ofensa ao pedir o fechamento do Supremo com a tese esdrúxula de que “o STF é o mal”.

Quem faz a dosimetria das ofensas?

Os integrantes do Poder Judiciário ou parte da imprensa que seleciona quem agride com mais contundência a própria democracia com essas declarações?

A repercussão da declaração de Eduardo Bolsonaro foi imediatamente repelida por integrantes do STF tão logo a imprensa mancheteou o caso e os Bolsonaro também se desculparam.

E onde estão na mídia as desculpas de Lula, José Dirceu e Wadih Damous?

Quem melhor administrou a polêmica foi a ministra Rosa Weber: “… no Brasil as instituições estão funcionando normalmente e que juiz algum que honra o seu ofício se deixar abalar por qualquer manifestação que eventualmente possa ser compreendida como de toda inadequada”.

E tudo ficaria por aí, não fosse a indústria de factoides da esquerda.