AS PRIORIDADES INARREDÁVEIS DESTA ELEIÇÃO

Quem não se lembra das últimas eleições presidenciais desde 2002 quando o PT iniciou um ciclo previsto de 20 anos e que só foi interrompido com o impeachment de Dilma Rousseff? Os eleitores que tinham idade para votar desde a primeira eleição de Lula – e lá se vão 16 anos – estão na casa dos 30, logo com a memória bem aguçada para entender o que se alterou de lá para cá. As promessas eleitorais não mudaram e continuam as mesmas, as quais nunca foram cumpridas num percentual que pode chegar a 80%.

O leitor desta coluna ainda se recorda daquele comercial brega da Colorama? “Minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos…” Pois as promessas eleitorais são aquela vozinha estridente da garota do comercial e os “meus cabelos” são a novidade este pleito nacional. Qual novidade? A descrença nas proposições de todos os candidatos. O eleitor parece estar cansado de tanto ter acreditado nas promessas que terminariam com a pobreza e o desemprego e que não haveria um só recanto deste imenso e belo país sem creches, sem escolas, sem rodovias, sem hospitais, sem áreas de lazer e todos esses equipamentos sociais protegidos por um policiamento de primeiro mundo.

O que restou então para o cidadão acreditar nos pretendentes ao Palácio do Planalto? Restaram apenas os discursos que o eleitor ainda compreende – limitados ao ponto e contraponto – coincidentemente apresentados por Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, os dois que disputam, realmente, a eleição presidencial. Bolsonaro tem como mote central acabar com a bandidagem, algo como tolerância zero para todos os crimes – do trombadinha ao ladrão de nossas esperanças, sim, este que saqueou tudo o que tinha dinheiro público por perto, desde a merenda escolar até as plataformas de prospecção de petróleo.

A isto podemos classificar como corrupção endêmica. O contraponto vem de Fernando Haddad que fala em educação, emprego, geração de riqueza, bolsa família, temas que mobilizaram e deram vitória ao PT em quatro eleições presidenciais consecutivas.

Ao mesmo tempo diz que quer consertar o país. Todos os candidatos querem consertar o Brasil que desandou depois do primeiro governo Lula, mas só Bolsonaro e Haddad estão ganhando as preferências de eleitores desconfiados. E aí arrisco dizer que Bolsonaro cativou mais os brasileiros do que Haddad e que as pesquisas, mesmo sob suspeição por sua metodologia, mostram essa preferência. Haddad tem o seu discurso baseado nas realizações do primeiro governo Lula quando o país não suspeitava da roubalheira que o PT incentivou contaminando seus três mandatos seguintes.

No entanto, nenhum programa de governo poderá ser levado a sério se o estado paralelo do crime não for atacado com todas as forças à disposição das autoridades, a partir de primeiro de janeiro de 2019. Resumindo: Bolsonaro está na frente por que mostra que poderá dar essa prioridade no seu governo, acabando com a bandidagem. Haddad, como bom esquerdista fala em construir escolas no lugar de presídios. Fica uma dúvida para o eleitorado que as urnas mostrarão: o momento em que vivemos exige mais professores ou mais delegados de polícia?