CIRO GOMES E OS MILITARES

Será que o candidato Ciro Gomes (PDT) acredita que dá certo a sua retórica em busca de votos pelo Brasil? Seus marqueteiros estariam de acordo com seu jeito de se expressar, notadamente quando dá entrevistas? No seu mais recente encontro com jornalistas de O Globo, Valor Econômico e revista Época, na última quarta-feira, Ciro num tom que misturava ironia e vocabulário inadequado com alguma opinião, afirmou que os militares não terão participação política no seu governo. Irá colocá-los numa caixa, como já falara em outra entrevista (TV Difusora, Maranhão, 25/07/2018) referindo-se ao Poder Judiciário e Ministério Público? Na ocasião, a respeito da prisão de Lula, Ciro disse que o ex-presidente só sairia da cadeia se ele fosse eleito presidente. “Só tem chance (Lula) se a gente organizar a carga. Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”. Criticado por juristas, Ciro Gomes se explicou dizendo que o termo “caixinha” foi uma figura de linguagem usada para explicar que Judiciário e Ministério Público “não podem se meter em tudo”. “Isso é uma expressão que todo mundo conhece”.

Na entrevista desta semana, Ciro Gomes criticou uma entrevista do comandante do Exército, general Villas Bôas, que falou do atentado a Jair Bolsonaro. Para o general Villas Bôas, “O caso Bolsonaro gerou comoção e pode alterar a legitimidade do próximo governo.” Ciro Gomes, mais uma vez, apelou para sua retórica desengonçada, mas também descontextualizou as palavras do comandante do Exército,assim como entendeu que as “caixinhas do PJ e do MP” referidas por ele foram “tiradas de um contexto”. Pelo jeito, descontextualizar só serve para ele. Mas vamos adiante. Se Ciro fosse presidente, “o general Villas Boas estaria demitido e, provavelmente, pegaria uma cana”. “Mas deixa eu explicar. Ele (o general) está fazendo isso para tentar calar a voz das ‘cadelas no cio’ que embaixo dele estão se animando com essa barulheira. É esse lado fascista da sociedade.” Quem seriam as “cadelas no cio”? Os subordinados do general Villas Bôas?

Ciro Gomes gosta de se referir aos militares com exemplos tirados do mundo animal. Para o general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, eis a opinião de Ciro Gomes: “Esse general Mourão, que é um jumento de carga, tem uma entrada no Exército e agora se considera tutor da nação. Os brasileiros têm que deixar muito claro que quem manda no país é o povo”. A qual povo Ciro Gomes estava se referindo? O Instituto Paraná, por exemplo, mostrou que 74,1% dos entrevistados (povo) apoiaram a intervenção militar no Rio de Janeiro para o combate ao crime organizado. Se a intervenção fosse em suas cidades 67,5% também apoiariam a ação militar já que a bandidagem é nacional.

No meio castrense, as declarações de Ciro Gomes repercutiram muito mal. Houve até a possibilidade de uma nota oficial, mas a prudência recomendou que não se respondesse ao candidato do PDT. No entanto, o general da reserva Girão Monteiro sintetizou o pensamento da caserna. “Ainda precisamos comentar as declarações do ‘desqualificado’ Ciro Gomes? Não reúne condições de representar ninguém. Vai ser julgado nas urnas, assim como os cearenses já o fizeram. Se quer aparecer, põe uma melancia na cabeça.”