As acusações contra o líder do MST que coordena a reforma agrária em Goiás, por Hugo Marques/Veja
O Ministério do Desenvolvimento Agrário tem um coordenador em cada um dos estados. É uma espécie de embaixador, alguém encarregado de supervisionar alguns dos principais programas da Pasta, da assistência técnica ao financiamento de famílias assentadas dos projetos oficiais de reforma agrária — um cargo estratégico que exige de seu ocupante determinadas habilidades. Em Goiás, o governo escolheu para o posto o petista José Valdir Misnerovicz. A indicação foi mal recebida pelos produtores rurais.
Conhecido como “Valdir do MST”, Misnerovicz liderou violentas invasões de fazendas na região. Ele, porém, garante que sua prioridade agora é outra. “Nossa missão será estimular acordo para um grande processo de transição agroecológico”, disse a VEJA. Vindo de quem vem, é um compromisso alvissareiro.
Em 2016, Misnerovicz ficou preso durante cinco meses. O petista foi acusado de agredir e torturar funcionários de uma fazenda na cidade de Santa Helena de Goiás. De acordo com depoimentos prestados na época, ele liderou um grupo do MST que invadiu a propriedade, ordenou que os donos abandonassem as terras, confiscou máquinas e ergueu uma barricada de pneus ameaçando atear fogo na sede. Durante o ataque, um dos funcionários foi derrubado da cabine de um trator e ameaçado com um facão. “Nós vamos picar o Toninho”, repetiam os invasores, enquanto empurravam o rapaz de um lado para o outro, esfregando a lâmina da arma em seu rosto. Toninho era o dono da fazenda. Um segundo funcionário ainda relatou que os sem-terra dispararam
cinco tiros contra ele, antes de obrigá-lo a sair correndo do local.
Quando esse episódio aconteceu, os métodos de Misnerovicz já eram conhecidos — e temidos — na região havia algum tempo. Em 2001, o líder foi acusado pelos próprios sem-terra de agir com extrema violência. Coordenador financeiro do MST, Joviniano José Rodrigues procurou a Polícia Federal e contou que se recusou a cumprir uma ordem de Misnerovicz para invadir uma fazenda e confiscar catorze novilhas. Como conhecia um dos funcionários, disse que não participaria do ataque. A retaliação não tardou. A casa dele foi derrubada a machadadas, a esposa agredida e a filha, de 1 ano, sequestrada. “Mais de 200 pessoas cercaram e destruíram meu barraco, quebraram tudo
que tinha lá dentro”, conta Joviniano, que foi expulso do assentamento de Palmeiras de Goiás, o mesmo em que Valdir Misnerovicz morava junto com mais 400 famílias.
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