A estranha democracia lulista, por Lygia Maria/Folha de São Paulo

Ao falar sobre a Venezuela, Lula disse que “o conceito de democracia é relativo”. Segundo o petista, o governo do ditador Nicolás Maduro é democrático, já que lá há eleições.

O discurso remete a um conceito caro à antropologia. Em oposição à visão evolucionista, que considera que há culturas menos e mais desenvolvidas, o relativismo cultural parte do pressuposto de que não há cultura superior ou inferior. Cada uma tem suas crenças e práticas, que devem ser interpretadas dentro de seus contextos, em vez de julgadas pelos padrões de outras culturas.

O conceito é precioso, por valorizar diversidade e apontar opressões imperialistas. Contudo relativismo cultural não implica relativismo ético, como denota a fala de Lula.

Afinal, não se trata de comparar samba com Bach ou cachaça com champanhe, mas de princípios universais como os direitos humanos.

A democracia não se resume ao pleito. Tal regime se caracteriza por Estado de Direito, respeito aos direitos individuais e às liberdades civis, pluralismo político, e, quanto às eleições, devem ser livres e justas. A Venezuela falha em todos os quesitos.

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