Indicação: “Como as democracias morrem: o colapso dos regimes democráticos”(How Democracies Die), por Ivan Almeida

 

 

O livro “Como as democracias morrem: o colapso dos regimes democráticos” (título original: “How Democracies Die”) foi escrito por Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, dois renomados acadêmicos e professores de ciência política em Harvard. Publicado em 2018, o livro oferece uma análise profunda sobre o declínio e o colapso das democracias em todo o mundo, explorando os fatores e os processos que levam a essas situações.

Levitsky e Ziblatt examinam uma ampla gama de casos históricos de democracias que entraram em colapso, como a Alemanha de Weimar, o Chile de Salvador Allende e a Turquia de Recep Tayyip Erdogan, entre outros. Eles identificam padrões e fatores comuns que contribuem para o enfraquecimento e eventual colapso das instituições democráticas.

Uma das principais teses apresentadas pelos autores é que as democracias não morrem apenas por meio de golpes militares ou revoluções violentas, mas também podem ser minadas internamente por líderes e partidos políticos que exploram o sistema democrático para consolidar seu poder de maneira autoritária. Eles exploram a ideia de que a erosão gradual das normas democráticas e o ataque às instituições podem minar a própria essência da democracia.

Levitsky e Ziblatt destacam a importância das “linhas vermelhas” para a preservação da democracia, ou seja, limites e normas que os atores políticos devem respeitar para evitar uma escalada autocrática. Eles argumentam que a quebra dessas linhas vermelhas, como a rejeição de eleições justas, a supressão de direitos e a criminalização de opositores, é um sinal alarmante de um potencial declínio democrático.

Ao longo do livro, os autores também exploram o papel das elites políticas, partidos políticos, mídia e sociedade civil na preservação ou destruição da democracia. Eles fornecem exemplos históricos e contemporâneos de como a falta de respeito pelas normas democráticas por parte desses atores pode minar a estabilidade democrática.

“Como as democracias morrem” é elogiado por sua abordagem acessível e pela análise cuidadosa e embasada em dados. Os autores combinam uma narrativa envolvente com uma base sólida de pesquisa acadêmica para fornecer aos leitores uma compreensão mais profunda dos desafios enfrentados pelas democracias contemporâneas.

Um exemplo que pode ser abordado no livro é o caso da Turquia, onde o presidente Recep Tayyip Erdogan e seu partido, o AKP, têm sido criticados por minar gradualmente a democracia turca. Isso inclui a repressão à mídia independente, a perseguição a opositores políticos e a centralização do poder nas mãos do presidente. Levitsky e Ziblatt podem explorar como essas ações enfraqueceram as instituições democráticas na Turquia e ameaçaram a sobrevivência da democracia no país.

Outro exemplo histórico frequentemente citado é o caso da Alemanha de Weimar, onde as instituições democráticas foram enfraquecidas por uma série de fatores, incluindo a polarização política, a falta de consenso entre as elites políticas e a ascensão do nazismo. Levitsky e Ziblatt podem examinar como a quebra das normas democráticas e a manipulação do sistema político por parte dos nazistas levaram ao colapso da democracia alemã e ao estabelecimento de um regime autoritário.

Ao longo do livro, Levitsky e Ziblatt também exploram outros casos contemporâneos e históricos, fornecendo análises e exemplos adicionais para sustentar suas teses sobre os perigos que as democracias enfrentam.

No geral, “How Democracies Die” é um livro que busca alertar sobre os riscos enfrentados pelas democracias e a importância de proteger e fortalecer as instituições democráticas e as normas que as sustentam. Os exemplos históricos e contemporâneos fornecidos pelos autores ajudam a ilustrar os processos e fatores que podem levar ao declínio democrático e oferecem insights valiosos para aqueles interessados na saúde e na sobrevivência das democracias em nosso mundo atual.

Ivan Almeida, PHD em DEMOCRACIA