Os fuzilamentos em Cuba, por Ivan Almeida

 

 

Uma foto que mostra um soldado cubano do regime derrotado de Fulgencio Batista momentos antes de ser fuzilado circula nas redes sociais fora de seu contexto original. No Facebook, a imagem foi publicada com legenda que afirma o homem retratado é um camponês que foi morto ao se recusar a trabalhar para o regime de Fidel Castro. Uma versão da postagem foi compartilhada 10 mil vezes. Posts idênticos também foram encontrados no Twitter.

“Essa foto ganhou o (Prêmio) Pulitzer”, diz a legenda da postagem. “Um padre dando a última bênção a um camponês cubano, proprietário de terra, que se recusou a trabalhar para o regime de Fidel Castro, e que foi condenado por “Che”, sem direito à defesa, a morrer por fuzilamento. Você nunca verá essa foto na camiseta de um comunista”.

O registro valeu ao fotógrafo Andrew Lopez, da United Press International (UPI), a premiação na categoria Fotografia em 1960. Lopez foi parte de um grupo de fotojornalistas que receberam autorização de Fidel Castro para registrar livremente o que quisessem. Ele decidiu fotografar os julgamentos e execuções de ex-combatentes do exército derrotado de Fulgencio Batista.

O homem na foto é Jose Cipriano Rodriguez, segundo consta no site da agência de notícias UPI. A legenda da foto informa que ele foi executado em 17 de janeiro de 1959 por ter matado dois homens do exército de Castro. Seu julgamento durou um minuto.

A foto também está disponível no acervo da agência Getty Images. Nenhum site informa se Che Guevara teria participação na execução de Rodriguez.

Mas fica a pergunta: E os fuzilamentos em Cuba, aconteceram ou não?.

Sim.

A Revolução Cubana que começou como uma guerrilha nacionalista, em 1959, liderada por Fidel Castro, derrubou o governo ditatorial de Fulgencio Batista, iniciado em 1952 por meio de um golpe militar.

Che Guevara esteve envolvido na supervisão de vários julgamentos e execuções durante a Revolução Cubana. Embora não haja um número exato de quantos fuzilamentos específicos ele participou, é conhecido que ele desempenhou um papel ativo na implementação da política repressiva do governo cubano naquele período.

Guevara era um dos principais líderes revolucionários e ocupava cargos de destaque no governo cubano. Ele atuou como presidente do Banco Nacional de Cuba e como ministro da Indústria, mas também foi responsável pela supervisão de tribunais revolucionários e julgamentos sumários. Durante esse tempo, ele participou de decisões relacionadas à condenação à morte e execução de pessoas consideradas inimigas do regime ou culpadas de crimes graves.

A extensão exata de sua participação em fuzilamentos individuais pode ser difícil de determinar, pois as informações disponíveis podem ser limitadas e as circunstâncias dessas execuções podem variar.

O regime de Fidel Castro, ao longo de seu governo em Cuba, foi alvo de várias acusações relacionadas a crimes contra a humanidade.

Algumas das acusações mais comuns contra o regime de Castro incluem:

Repressão política: O governo cubano foi acusado de reprimir a oposição política e limitar as liberdades civis, incluindo a liberdade de expressão, de imprensa e de associação. A perseguição a dissidentes políticos, ativistas dos direitos humanos e jornalistas críticos do governo foi relatada por várias organizações de direitos humanos.

Prisões arbitrárias: O regime de Castro foi acusado de realizar prisões arbitrárias e detenções de pessoas com base em suas opiniões políticas ou por expressarem críticas ao governo. Organizações de direitos humanos relataram casos de detenções prolongadas sem julgamento justo ou devido processo legal.

Execuções extrajudiciais: Houve alegações de execuções extrajudiciais de supostos opositores políticos ou pessoas consideradas ameaças ao regime. Essas execuções teriam ocorrido tanto durante os primeiros anos da Revolução Cubana quanto posteriormente, como parte da política repressiva do governo.

Restrições à liberdade de expressão: O governo cubano impôs restrições à liberdade de expressão e controle estrito da mídia. Jornalistas independentes e críticos do governo enfrentaram censura, intimidação e restrições em seu trabalho.

É importante ressaltar que essas acusações são baseadas em relatos e testemunhos de diferentes fontes, e o acesso a informações precisas e imparciais pode ser limitado devido à falta de transparência do governo cubano. As perspectivas sobre o governo de Fidel Castro e as acusações contra seu regime podem variar significativamente, dependendo das posições políticas e ideológicas das fontes consultadas.

O problema central para alcançar alguma precisão metodológica é o fato de que não há dados oficiais de Havana sobre as vítimas do regime ainda no poder, naturalmente.

Ivan Almeida – PHD em América Latina