Primeira radionovela gaúcha, O Solar dos Alvarengas completa 80 anos, por José Weis/Jornal do Comércio

 

Há 80 anos, os ouvintes gaúchos começaram a apreciar um momento revolucionário do rádio no Rio Grande do Sul. Em um domingo, às 20h, a Rádio Difusora orgulhosamente levava aos ouvintes a primeira transmissão de O Solar dos Alvarengas, de Roberto Lis, primeira radionovela produzida no Rio Grande do Sul. A atração girava em torno da poderosa e aristocrática família Alvarenga, então vivendo momentos de decadência. Em um cenário de Interior, a trama trazia os conflitos entre o velho e o novo dentro do seio da família, envolvendo em especial o austero comendador Carlos Alvarenga, representante da tradição, e seus netos, ansiosos por modernidade e inclinados a mergulhar em amores proibidos.

As emissoras Farroupilha, Gaúcha e Difusora eram as mais importantes no cenário radiofônico de então, em uma disputa por audiência que movia multidões de ouvintes e trabalhadores. Radioatores, cantores, maestros, arranjadores, profissionais de sonoplastia, produtores, speakers e locutores, além de todo um amplo corpo técnico, suavam para manter no ar uma programação cheia de entretenimento e informação. Durante a Segunda Grande Guerra, as notícias do front chegavam aos porto-alegrenses principalmente pelo Repórter Esso – o famoso noticiário “testemunha Ocular da História”, na voz de Ruy Figueira. Num cenário de tensão, em que ninguém sabia muito bem o que seria feito do mundo, o rádio trazia também entretenimento e uma chance de espairecer enquanto as novidades (nem sempre muito agradáveis) não surgiam.

Até então, a programação das emissoras era baseada em esquetes (ou sketches, em inglês) que eram encenações de curta duração, de um caráter mais para o cômico. O mais famoso destes programas foi Serões da Dona Generosa, escrito por Roberto Lis – nome artístico de Érico de Carvalho Cramer, mesmo autor de O Solar dos Alvarengas. Programa que, nas palavras de seu criador “pretendia refletir o próprio espírito da cidade”, trazia as histórias de um grupo de moradores da Cidade Baixa, em Porto Alegre, trazendo conflitos do cotidiano de espírito inegavelmente humorístico.

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