Oncologia: novas tecnologias de tratamento, como o CAR-T para cânceres hematológicos, chegam ao país
Assim como em outras áreas da medicina, a oncologia apresenta avanços no tratamento do câncer por meio de novas tecnologias que começam a ser aplicadas no Brasil. Um campo que vem se desenvolvendo muito é o da terapia celular, exemplificada pelo CAR-T (Chimeric Antigen Receptor T-Cell Therapy) e que consiste na potencialização do sistema imune do próprio paciente para combater a célula doente.
O Grupo Oncoclínicas é um dos pioneiros a oferecer a novidade no país, dentro de seu programa de terapia celular liderado pelo onco-hematologista Dr. Renato Cunha. Na última terça-feira (18/4), o profissional esteve em Porto Alegre para um encontro com a equipe de hematologia da Oncoclínicas RS. Em 2019, o especialista liderou a equipe clínica responsável pelo primeiro tratamento bem-sucedido baseado nessa terapia celular. Em 2021, ele coordenou o Consenso Brasileiro para Células Geneticamente Modificadas pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.
A hematologista da Oncoclínicas RS, Dra. Rafaela Dal Molin, explica que essa reprogramação celular é realizada em laboratórios localizados em sua maioria nos Estados Unidos. No entanto, o processo de coleta das células do paciente e a posterior infusão destas mesmas células trabalhadas geneticamente já é feito no Brasil.
Menos de dez pacientes no Brasil foram submetidos à nova terapêutica que, até o momento, é indicada para casos refratários de leucemia linfoblástica aguda, linfoma difuso de células B e mieloma múltiplo (cânceres do sangue). “É uma quebra de paradigma e nos traz uma esperança muito robusta no contexto de tratamentos prévios sem sucesso nestes tipos de câncer, incluindo quimioterapia e transplante de medula óssea”, destaca a Dra. Rafaela. O CAR-T integra a recente prática conhecida como medicina de precisão, em que os tratamentos são cada vez mais personalizados de acordo com as características de cada pessoa e sua patologia.
Embora a aplicação da nova tecnologia ainda seja restrita a situações específicas tanto pelo custo elevado quanto pela criteriosa seleção de pacientes que podem ser submetidos e beneficiados por tal tratamento, a expectativa é de que, futuramente, possa ser adotada para outros tipos de câncer e se torne mais acessível com a cobertura por planos de saúde. No ano passado, a ANVISA aprovou o CAR-T como uma terapia infusional oncológica. Contudo, somente alguns centros no país estão habilitados para aplicá-la.
Mensagem específica na célula de defesa
A base do CAR-T é o linfócito T do paciente, célula que faz parte do sistema imunológico. A coleta dessas células já é realizada no Brasil com o uso de uma máquina de aférese, parecida com a de hemodiálise. Este equipamento separa os linfócitos T do paciente que, então, são enviados ao laboratório nos EUA e lá recebem a modificação genética que os torna capazes de identificar e destruir as células cancerosas. “É como introduzir uma sinalização especial nesses linfócitos”, observa a Dra. Rafaela. Dessa forma, são “ensinados” a identificar de forma mais precisa as células malignas, viabilizando a sua destruição.
O processo no laboratório demora em torno de três a quatro semanas para ser concluído, e o produto final serve a apenas uma pessoa de cada vez. Depois de executada a manufatura no laboratório, as células T voltam ao Brasil para serem administradas no paciente por meio de infusão única semelhante a uma transfusão de sangue. No seguimento, sinais de toxicidade da terapia e eventuais intercorrências ainda precisam ser acompanhadas de perto, com o paciente hospitalizado por até 30 dias.
Sobre o Grupo Oncoclínicas
A Oncoclínicas – maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina – tem um modelo especializado e inovador focado em toda a jornada do tratamento oncológico, aliando eficiência operacional, atendimento humanizado e especialização, por meio de um corpo clínico composto por mais de 2.600 médicos especialistas com ênfase em oncologia. Com a missão de democratizar o tratamento oncológico no país, oferece um sistema completo de atuação composto por clínicas ambulatoriais integradas a cancer centers de alta complexidade. Atualmente possui 133 unidades em 35 cidades brasileiras, permitindo acesso ao tratamento oncológico em todas as regiões que atua, com padrão de qualidade dos melhores centros de referência mundiais no tratamento do câncer.
Com tecnologia, medicina de precisão e genômica, a Oncoclínicas traz resultados efetivos no acesso ao tratamento oncológico, realizando mais de 500 mil procedimentos no último ano (2022). É parceira exclusiva na América Latina do Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Faculdade de Medicina de Harvard, um dos mais reconhecidos centros de pesquisa e tratamento de câncer no mundo. Possui a Boston Lighthouse Innovation, empresa especializada em bioinformática, sediada em Cambridge, Estados Unidos, e participação societária na MEDSIR, empresa espanhola dedicada ao desenvolvimento e gestão de ensaios clínicos para pesquisas independentes sobre o câncer. A companhia também desenvolve projetos em colaboração com o Weizmann Institute of Science, em Israel, uma das mais prestigiadas instituições multidisciplinares de ciência e de pesquisa do mundo, tendo Bruno Ferrari, fundador e CEO da Oncoclínicas, como membro de seu board internacional.
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