PETROLÃO FEZ ESCOLA NO BNDES
A roubalheira promovida dentro da Petrobrás, antes de ser desmontada pela Lava Jato, era considerada perfeita pelos ladravazes que arquitetaram saquear a nossa maior estatal. Como se sabe, qualquer plano de corrupção em algum órgão público para ter “êxito” necessita de colaboração interna, ou seja, de funcionários que aceitem a “parceria” criminosa com os bandidos. A Petrobrás sofreu a sangria de seus recursos quando diretores aceitaram as propinas dos representantes dos partidos políticos que tinham a missão de intermediar obras com as maiores empreiteiras do país e todos foram generosamente recompensados.
Foi a maior escalada criminosa que chocou o país quando a Lava Jato começou a investigar e a punir corruptos – funcionários graduados da empresa, agentes políticos e empresários. Mas terá sido mesmo a maior operação fraudulenta já descoberta no Brasil? Nesta semana, o ministro do TCU, Augusto Sherman, que examina a abertura da caixa-preta do BNDES, disse que acredita numa metodologia semelhante ao Petrolão aplicada no banco que deveria ser nacional de desenvolvimento econômico e social. Suas palavras: “Essas investigações apresentam indícios no sentido de que o mesmo tipo de articulação ilícita entre empreiteiras, políticos e partidos políticos, e agentes públicos descortinada em contratos da Petrobrás pode ter atingido o BNDES e as operações aqui tratadas.”
O mais interessante no caso do BNDES é que obras financiadas no exterior, contrariando os objetivos que criaram o banco, foram trombeteadas pelos governos petistas e referendadas por um Congresso omisso e conivente como grandes realizações do Brasil, um parceiro ideal para governos estrangeiros corruptos até a medula. Dá calafrios em se saber que financiamos metrôs, hidrelétricas, rodovias, aeroportos, portos, importantes obras de infraestrutura rigorosamente necessitadas em nosso país, em Cuba, Argentina, Venezuela, Angola, Moçambique, Guinè Equatorial, entre outras nações “amigas”.
Há que se excluir dos financiamentos com odor de corrupção, o dinheiro emprestado para empresas brasileiras aumentarem suas exportações como a Embraer, Tramontina, Karsten (produtos têxteis) e Compressores Schultz, entre outras que necessitavam desse apoio governamental. No entanto, o BNDES, como aquele brasileiro bonzinho da televisão, entregou bilhões de dólares de maneira suspeita e protegidos pelo argumento do sigilo bancário, pelo qual ninguém podia ter acesso aos contratos de financiamento. Como tudo estava numa caixa-preta, somente com a delação de Antônio Palocci é que se começou a abri-la e o odor de corrupção inundou o ambiente do TCU.
De novo, as palavras são do ministro Augusto Sherman: “Em paralelo, sobejam indícios, nestes autos, de que as falhas e irregularidades observadas produziram benefícios indevidos às mesmas empreiteiras brasileiras que lá também foram indevidamente beneficiadas, pelo que podem ser frutos do mesmo tipo de articulação ilícita entre as mesmas referidas partes.” Um banco totalmente público quando realiza operações com outros países não poderia esconder dos pagadores de impostos o teor dos empréstimos. Não estamos em guerra e nem em tempo de segredos de estado quando são manipulados recursos dos cidadãos brasileiros.
Bancos internacionais de desenvolvimento como o BID e o BIRD não escondem seus contratos de financiamento com os governos que recebem tais recursos por que não pode haver sigilo em tais operações. O BNDES inovou por um motivo simples que agora começa a ser desvendado: o ministro Augusto Sherman detectou semelhanças do sistema corrupto do Petrolão em muitos financiamentos promovidos pelo banco.
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