NOSSO METRÔ FUNCIONA NO EXTERIOR
Acredite.
Porto Alegre não pode construir o seu sonhado metrô para integrá-lo ao atual trensurb por falta de dinheiro, mas o financiamento que não veio para a capital gaúcha foi para obra semelhante em Caracas, numa generosidade do presidente Lula, no valor de 732 milhões de dólares (atualizado para R$ 2,78 bilhões), através do BNDES.
Se não está em Caracas, o dinheiro para o nosso metrô está na cidade do Panamá em outro financiamento do BNDES no valor de 1 bilhão de dólares (R$ 3, 8 bilhões).
O “brasileiro é bonzinho” já dizia a atriz Kate Lyra, ex-mulher do compositor Carlos Lyra, e o BNDES sob o comando do PT provou exaustivamente a nossa bondade abrindo seu cofre para financiar obras que fazem falta no Brasil, com destaque para Porto Alegre.
Quando a Copa do Mundo de 2014 veio para o Brasil, nossa capital estufou o peito e aceitou o desafio de fazer obras de mobilidade urbana. Além de viadutos e novas vias públicas, duas importantes modalidades foram anunciadas: o metrô e o BRT, este passando pela frente do Estádio Beira Rio.
O metrô sequer teve o início das obras e mesmo assim custou R$ 11 milhões com a instalação do escritório do “MetrôPOA”, que calculou o valor total do investimento em R$ 4,84 bilhões. O BRT (Bus Rapid Transit, sigla internacional em inglês que significa Transporte Rápido por Ônibus) estava orçado em R$ 249 milhões (65 milhões de dólares), mas, é claro, o dinheiro não apareceu.
É, mas a verba que faltou para o BRT de Porto Alegre foi para a capital de Moçambique, Maputo, outra generosidade do BNDES com aval do governo petista. O financiamento do BRT moçambicano contou com 180 milhões de dólares do BNDES, ou R$ 684 milhões. Se tal verba não fosse para Maputo, mas viesse para Porto Alegre, a Prefeitura da Capital teria o seu BRT e sobrariam ainda R$ 435 milhões.
O metrô de Porto Alegre ainda daria um troco maior para o BNDES. A um custo de R$ 4,84 bilhões, o nosso metrô já estaria funcionando, interligando o atual Trensurb a uma nova rede subterrânea com 15,3 Km de extensão, 11 estações e cinco terminais de integração.
Os metrôs financiados para Caracas e Cidade do Panamá custaram ao BNDES R$ 6, 58 bilhões de reais, orçamento que daria um saldo positivo de R$ 1, 74 bilhão no caso de um financiamento para Porto Alegre. Na CPI do Senado que investigou irregularidades em operações do BNDES, em 2017, o diretor da área financeira internacional do banco, Carlos Tadeu de Freitas Gomes, perguntado sobre tais operações externas, disse que o processo decisório na aérea internacional não dependia do banco.
“O banco executa. São decisões de governo que o BNDES simplesmente executa. A escolha dos países não é decisão do banco. São acordos soberanos, não acordos comerciais simples, são decisões entre governos” – afirmou o diretor. Aquela CPI não deu qualquer resultado prático.
Em fevereiro deste ano, a nova Câmara de Deputados criou outra CPI com as mesmas finalidades. Nós aqui de Porto Alegre estamos com inveja de Caracas, Cidade do Panamá e Maputo. Nosso dinheiro financiou o conforto de uma mobilidade urbana moderna naquelas capitais.
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