A NOTÍCIA DEFORMADA

O que é mesmo jornalismo engajado – ou “canalha” como definiu o presidente Jair Bolsonaro?

Tecnicamente falando, quem está no meio entende do assunto sem maiores considerações ou teses acadêmicas a respeito.

Trata-se de manipulação da informação para influenciar a opinião pública (leitores, ouvintes e telespectadores) com objetivos sinistros e ideológicos, como foi o caso da denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro numa tentativa sórdida de envolvê-lo no assassinato da vereadora Marielle Franco – um cadáver doutrinariamente ainda insepulto por que a necrofilia política da esquerda se encarregou de teatralizar a lamentável ocorrência.

Qualquer informação para ser publicada precisa da checagem por parte do jornalista – regra primária da notícia – e mais do que nunca nos tempos atuais com o aperfeiçoamento das “fakes”. Quando o repórter tem todas as versões, as mentirosas e as verdadeiras, para um caso rumoroso, a verdade torna-se a manchete e deverá ser a abertura da notícia. Levar a mentira para iniciar uma reportagem é dar importância ao que é falso e a informação se deforma e se torna – digamos assim – um pecado capital aos que têm acesso à ela.

A notícia fica aleijada, viciada na origem, porque ela mesma se desmente quando a verdade ingressa no texto ao final da reportagem.

No caso da notícia do envolvimento de Jair Bolsonaro, quando o porteiro do condomínio onde o presidente tem uma casa disse que ouviu a sua voz permitindo o ingresso de suspeitos da morte de Marielle, a reportagem do Jornal Nacional já sabia que se tratava de uma mentira bem elaborada e tratou de dar segmento à ela, formatando-a com a mentira na abertura da informação.

Não seria mais preciso e mais jornalístico o JN manchetear a noticia dizendo que o porteiro do condomínio onde Bolsonaro tem duas casas mentiu à polícia, induzindo a investigação do caso Marielle para um rumo perigoso?

A Globo mostrou um rabisco do porteiro no livro de entrada do condomínio onde estava anotado o número 58 (residência do presidente) e ainda destacou que o funcionário ao ver o veículo se dirigindo para a casa 66 (onde mora um suspeito do assassinato da vereadora), fez nova ligação para a casa 58 e uma voz identificada por ele “como a de seu Jair” disse-lhe que sabia para onde Elcio (outro suspeito) estava indo.

Tais informações passadas aos telespectadores eram absolutamente falsas, por uma única e bem fundamentada razão: Jair Bolsonaro, deputado federal estava em Brasília.

Se o então deputado federal e hoje Presidente da República não se encontrava no condomínio, com inteiro conhecimento da Globo, como não levar para a abertura da notícia a mentira elaborada – sabe-se lá com quais intenções – e destacá-la como uma perigosa armação contra Bolsonaro?

Mas não foi isso o que se viu.

Só depois do “lead”(destaque de qualquer informação, geralmente resumida numa frase) da reportagem é que o JN disse que Bolsonaro estava em Brasília, desmentindo a abertura da própria informação.

Qualquer jornalista sabe que quando se quer manipular uma notícia, cria-se uma manchete e um “bom” “lead” e, depois, a informação vai se ajustando no seu desenrolar.