O AMBIENTALISTA SIMPLÓRIO

“O ambientalista simplório quer florestas, porque precisamos de árvores para absorver dióxido de carbono da atmosfera. Mas quer escolher as árvores.

Não quer eucaliptos, não quer floresta de produção.

Quer a floresta do Chapeuzinho Vermelho, porque sempre viveu na cidade e julga que as florestas são assim.

Quer dizer a cada proprietário o que pode plantar e ainda obrigá-lo a tratar do terreno, num serviço gratuito, abnegado, para benefício da “sociedade”.

O ambientalista simplório grita “ouçam os cientistas: estamos destruindo o planeta com as alterações climáticas.” Mas, quando os mesmos cientistas dizem que “os transgênicos não fazem mal nenhum e podem ser uma mais-valia para o ambiente e para a humanidade”, o ambientalista simplório berra: “Os cientistas estão a soldo das multinacionais.”

O ambientalista simplório só cozinha com azeite, essa oitava maravilha para a saúde.

Mas vocifera contra os olivais intensivos. Produzir azeite em grande quantidade é a única forma de lhe baixar o preço e torná-lo acessível a todos? Os pobres que comam bolos.

O ambientalista simplório chora a morte de cada rinoceronte e tigre. Mas defende com unhas e dentes a medicina tradicional chinesa que está por trás da perseguição a rinocerontes e tigres, para fazer essências milagrosas com os seus chifres e ossos.

O ambientalista simplório quer que haja mais carros elétricos nas estradas. Mas é contra a prospecção de lítio, essa insustentável fonte de poluição do ar, dos solos, das águas, e escreve-o nas redes sociais, teclando furiosamente no seu celular com bateria de lítio.”

O autor é o jornalista português Luís Ribeiro. Ele escreve para a revista “Visão” e o seu texto percorre o mundo pelas redes sociais. Fiz uma síntese com ligeiras adaptações de expressões comuns em Portugal, mas em desuso no Brasil. No entanto, fica explícito que o ambientalista simplório é o perfeito idiota universal.