MARIGHELLA, FICÇÃO NO CINEMA

O cinema é uma das artes mais apropriadas para a ficção sem qualquer compromisso com a realidade.

Os filmes têm a permissão para viagens ao passado e ao futuro; animais adquirem voz humana; seres humanos podem voar e seus corpos são invulneráveis a tiros e explosões; veículos completamente destroçados conseguem trafegar com pneus furados e motores fumegando; aeromoças, orientadas por torres de controle, pousam enormes aviões em pane e terroristas são transformados em heróis como Che Guevara e Carlos Marighella.

É a tal de “liberdade de criação”.

O filme “Marighella” é exatamente assim: uma obra de ficção, mas até a ficção impõe limites quando existe a pretensão de a história ser reescrita, mesmo que seja ao sabor criativo de seu diretor.

Wagner Moura exagerou na tentativa de justificar o seu filme já classificando Marighella como “um líder social negro que resistiu naquela época e se dirige (o filme)a quem resiste agora: a comunidade LGBT, os negros, os moradores das favelas”.

É a primeira vez que leio que Marighella era um “líder social negro”, quando em todas suas manifestações ele jamais se intitulou com tal liderança. Marighella ficou famoso por combater o regime militar e por pregar o terrorismo em todas as escalas possíveis.

“O terrorismo – escreveu em seu ‘Minimanual do Guerrilheiro Urbano’- é uma arma que o revolucionário não pode abandonar”.

Há uma distorção que precisa ser esclarecida. Guerrilha urbana tem diferença de terrorismo, mesmo que seja através de sutilezas. Um guerrilheiro urbano tem alvos específicos: destruir ou causar danos em objetivos inimigos. Um terrorista age para implantar (é óbvio) o terror, atingindo inocentes por meio de explosões em áreas de grande concentração popular como fez o Estado Islâmico com homens-bomba, com veículos pesados atropelando pessoas em algumas cidades europeias, ou como o atentado às Torres Gêmeas.

Não imagino o cinema americano idolatrando Bin Laden ou justificando aquele ataque criminoso em Nova York, mas como Wagner Moura disse numa entrevista que o “Brasil de hoje tem genocídio contra a população e contra quem vive nas favelas”, o seu filme é apenas um panfleto ficcional.

Para encerrar: racismo e terrorismo são crimes inafiançáveis e imprescritíveis, diz a Constituição.

Quem exalta o racismo está enquadrado na lei. E quem exalta o terrorismo como o filme “Marighella” também estaria na mesma situação?

Pelo jeito, não.

Wagner Moura tinha licença para captar R$ 10 milhões pela Lei Rouanet e captou apenas R$ 3,5 milhões. Mas captou. Quais empresas apoiam a exaltação ao terrorismo?

Vamos checar.