SÍNODO DA AMAZÔNIA(2)

Não é de hoje que a Amazônia estimula um interesse internacional como se fôssemos uma Antártida verde à disposição das grandes nações que controlam os maiores conglomerados do planeta.

Quem não lembra do projeto do Instituto Hudson que desenhava lagos artificiais no Rio Amazonas para a exploração de minérios e até de petróleo, riquezas que seriam transportadas por navios?

O coronel reformado do Exército Altino Berthier Brasil, provavelmente um dos maiores especialistas em Amazônia com várias obras sobre o tema, sempre alertou que essa fantástica área verde jamais poderia ser tomada por uma potência militar por que “a selva amazônica não se presta para esse tipo de operação”.

No entanto, já destacava um novo perigo para a dominação da Amazônia: “O perigo vem de onde de onde menos se imagina. Seitas religiosas – a serviço de empresas com interesses econômicos na região – estariam atuando junto às comunidades indígenas para se organizarem como nações”.

Berthier Brasil trata deste assunto, em livros, por mais de 40 anos, no mínimo. Nesta semana, a reação da CNBB à intenção de o Brasil se representar no Sínodo da Amazônia, no Vaticano, em outubro, é a prova de que o governo brasileiro será o alvo preferido das críticas, exatamente por que Brasília quer acabar com a ideologia internacionalista de controle territorial da área. O pretexto de o encontro tratar da “evangelização” dos povos da Amazônia seria ingênuo se não fosse a continuidade da liturgia de dominação através da criação de um dualismo dialético – “ nós somos a salvação de vocês, o governo quer exterminá-los”.

O bispo do Marajó, dom Evaristo Splenger, diz que “a Igreja está do lado dos mais fracos, dos mais pobres, dos ribeirinhos e dos indígenas”, logo, a conclusão é óbvia: o governo está do lado de “um modelo predatório de desenvolvimento, que extrai as riquezas da floresta e deixa a população na pobreza, querendo construir hidrelétricas, abrir rodovias e permitir o avanço do agronegócio e das mineradoras”.

Pela primeira vez, um governo bate de frente, para valer, em defesa da Amazônia e para isso tem do seu lado militares que comandaram a região como os generais Augusto Heleno, Hamilton Mourão, Geraldo Miotto, Santos Cruz, todos conhecedores dos problemas alí existentes e sabendo que a política de evangelização da CNBB é um biombo que pode esconder de aulas de catecismo à pregação antigovernista.

Correntes poderosas da CNBB ainda cultuam o “marxismo-cristão” do bispo emérito da Prelazia de São Felix do Araguaia, dom Pedro Casaldáliga (hoje aposentado, com 90 anos de idade).

Dizia o bispo, nos anos 1970: “O capitalismo é um pecado mortal. O socialismo pode ser uma virtude cardeal. Somos irmãos e irmãs, a terra é para todos, como repetia Jesus de Nazaré, não se pode servir a dois senhores, e o outro senhor é precisamente o capital. ‘Quando o capital é neoliberal, de lucro onímodo, de mercado total, de exclusão de imensas maiorias, então o pecado capital é abertamente mortal”.

A esta pregação de Dom Pedro Casaldáliga se encaixariam os “novos caminhos da evangelização”?