GENEALOGIA DA CORRUPÇÃO

As tragédias que não são naturais serão sempre filhas bastardas da corrupção, pois são geradas no escurinho da safadeza que o nosso país foi “aperfeiçoando” e, por isso mesmo, galgando, degrau por degrau, o ranking internacional das nações mais canalhas do planeta.

Poderia ser diferente a nossa posição no ranking global da corrupção, divulgado nesta terça-feira pela ONG Transparência Internacional, enquanto heróis anônimos recolhiam corpos na pequena cidade mineira de Brumadinho?

O Brasil tem a companhia da Argélia, Armênia, Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Peru, Timor Leste e Zâmbia. Há um empate técnico, mas talvez possamos ter um destaque neste ranking humilhante por que nossas duas maiores empresas, Petrobras e Vale, figuram na maior bolsa de valores do mundo capitalista (Nova Iorque) como companhias de baixa confiabilidade para investimentos estrangeiros.

A Petrobras ( de Lula e Dilma com as mãos sujas de petróleo, lembram?) já foi punida e a Vale, desde a última segunda-feira, é alvo de quatro escritórios de advocacia nos EUA que preparam uma class action (ação coletiva) por haver a possibilidade de informações falsas que omitiam os riscos da barragem de Brumadinho.

Se as nossas maiores empresas estão tatuadas por atos de corrupção por que seria diferente no resto do país? Empresas como a Petrobras e a Vale só são gigantes em seus segmentos quando há uma inimaginável teia de proteção de seus negócios envolvendo políticos, empresários, lobistas e, é claro, a conivência dos três poderes da República e bilhões de reais na partitura do réquiem das tragédias.

A etiologia da catástrofe de Brumadinho está sintetizada na sentença da juíza do TJ/MG, Perla Saliba Brito que mandou prender dois engenheiros da empresa alemã Tüv Süd Brasil, responsável pela avaliação de risco da barragem e mais três funcionários graduados da Vale.

“Há sensores capazes de detectar sinais de rompimento de estruturas pelo volume de água no terreno permitindo aos técnicos uma avaliação da pressão extra pelo peso líquido. A tragédia poderia ter sido evitada.”

Como punir os responsáveis por tragédias como a de Mariana e de Brumadinho se eles estão no umbral da corrupção nacional que os protege com leis elaboradas nas bancadas da lama nos esferas federal, estadual e municipal?

Basta que se examine junto à Justiça Eleitoral os candidatos que receberam auxílio financeiro para suas campanhas e como eles pagam a dívida depois de eleitos.

Num país que define o seu parlamento por bancadas com apelidos depreciativos e comprometedores não é difícil de se entender a genealogia da corrupção.