“TINHA DE FALAR BEM DA DILMA”, por DUDA TEIXEIRA/Revista CRUSOÉ

A médica cubana Ramona Matos Rodríguez, de 56 anos, foi a primeira a abandonar o Mais Médicos, em 2014.

Saiu bem no ano em que a ex-presidente Dilma Rousseff, responsável por lançar o programa, obteve a reeleição nas urnas com 51% dos votos no segundo turno contra Aécio Neves. A decisão de deixar o programa baseou-se em um argumento que mais tarde passaria a ser usado por outros colegas: Ramona discordava que os cubanos ganhassem apenas uma parte do salário, menos de 25%, enquanto médicos de outros países que também trabalhavam para o governo brasileiro recebiam o valor integral, cerca de 10 mil reais.

Em depoimento ao Ministério Público, àquela altura, ela disse ter se sentido enganada pela ditadura de Havana. Relatou ainda que o valor que ganhava não era suficiente para viver no Brasil e para mandar roupas e outros bens para os familiares em Cuba.

Hoje, Ramona vive nos Estados Unidos  com a filha e a neta, e trabalha em uma clínica de estética. Há duas semanas, ela e outros três médicos cubanos entraram com um processo contra a Organização Panamericana de Saúde (Opas), vinculada à ONU. O grupo pede 75 milhões de dólares alegando que a entidade cobrou uma comissão dos salários dos profissionais que atuaram no Brasil e fez vista grossa às condições de trabalho.

Em entrevista por telefone, a partir de sua casa em Miami, Ramona contou a Crusoé que os doutores cubanos eram orientados a elogiar o governo petista.

O processo que a sra. e mais três cubanos movem contra a Opas afirma que os médicos eram treinados para fazer doutrinamento político. A sra. recebeu esse treinamento?

Todos os cubanos que deixam o país em uma missão médica precisam fazer um treinamento político. O curso dura entre um e dois meses e acontece em uma escola. Nas aulas, eles nos ensinaram a influir na comunidade que íamos atender. Aprendemos como funcionava a política brasileira e o que tínhamos de dizer ao povo.

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