QUERIAM VOTAR NA MARRA?

O Supremo Tribunal Federal (STF) não liberou 3,4 milhões de títulos eleitorais negando pedido feito pelo PSB que pretendia inserir no dia da eleição esses eleitores que desprezaram todas as chances oferecidas pela Justiça Eleitoral. A alegação do PSB é um incentivo ao desrespeito de prazos estabelecidos no sentido de modernização de nosso sistema de votação. Para o PSB o cancelamento de títulos eleitorais viola princípios como a democracia, a cidadania, a soberania popular e o direito ao voto. O que violaria os princípios alegados pelo PSB seria o STF aceitar a ação e por isso mesmo é que os 3,4 milhões de títulos foram cancelados.

Esses milhões de eleitores, provavelmente, estavam esperando mais uma anistia ou perdão pelo seu relaxamento em cumprir um dever cívico de qualquer cidadão – o de estar em dia com seus compromissos de eleitor para poder exigir, gritar, propor e votar em seus candidatos. O cadastramento eleitoral foi um esforço que custou caro aos contribuintes brasileiros, mas trata-se de uma despesa que o processo democrático de qualquer país necessita para aprimorar o seu sistema eleitoral.

A biometrização dos eleitores ainda não atingiu 100% do eleitorado brasileiro, mas em municípios onde ela foi concluída, a votação será digital com a identificação do eleitor , evitando-se assim a velha prática de falsificação de títulos e acabando com um estilo de corrupção eleitoral que ainda existia nos grotões de nosso país.

Houve um tempo em que os coronéis políticos entregavam ao eleitor um envelope com as cédulas de seus candidatos e o pé direito de um tamanco. Depois de ter colocado na urna aquele envelope lacrado, o eleitor voltava ao diretório partidário para pegar o pé esquerdo. E quando o eleitor perguntava ao seu coronel em quem tinha votado, recebia uma resposta seca: “Você não sabe que o voto é secreto?”

“Parece-me que seria uma grande irresponsabilidade paralisarmos a salutar marcha do processo eleitoral para prestigiar uma parcela da população que se omitiu no recadastramento” disse o ministro Gilmar Mendes. E o PSB queria que o STF desse um jeitinho numa irregularidade que apenas revelava o pouco caso desses 3,4 milhões de eleitores. De acordo com o ministro Luis Roberto Barroso para revalidar esses milhões de títulos, seria preciso refazer a listagem de eleitores de 1.248 municípios afetada pelos cancelamentos – o que seria operacionalmente complicado.