SIMERS FLAGRA SUPERLOTAÇÃO NA EMERGÊNCIA DO HPS DE CANOAS

A emergência do Hospital de Pronto Socorro de Canoas registrou na noite desta quinta-feira (13) superlotação de 125% da capacidade, segundo o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), que foi ao local, no bairro Mathias Velho, em Canoas. O Simers pedirá providências imediatas à prefeitura e ao Ministério Público. Havia 88 pacientes para 39 vagas por volta das 22h, e não parava de chegar mais casos. O Sindicato alerta que a estrutura não suporta a demanda e nem há número de médicos adequado.

A situação é extrema, pois se trata de um Pronto Socorro, que é referência para atender mais de 150 cidades. Na noite dessa quinta-feira, 11 dos 12 leitos com suporte de ventilação mecânica estavam ocupados com pessoas em estado grave.

As salas que recebem doentes por gravidade estavam todas bem acima da capacidade – a sala vermelha tinha 11 casos para seis vagas, a amarela somava 24 internados para 14 leitos, a laranja tinha nove doentes para seis leitos, e a verde, que tem 14 poltronas, registrava 24 casos em observação. Na amarela, a marcação de leitos é feita na parede da recepção, onde são encostadas mais macas. É quase impossível circular e até mesmo chegar aos doentes. A sala verde tem tanta gente, que as cadeiras e macas formam uma espécie de engarrafamento. A movimentação é escassa com tanta acomodação e pacientes para o mesmo espaço.

Com a capacidade esgotada na internação nos andares – 71 dos 72 leitos tinham doentes, a saída do HPSC foi criar a sala “roxa”, onde as pessoas que deveriam estar internadas em leitos nas unidades especializadas ficam numa espera de até 10 dias ou mais sem saber quando terão vaga. A cor roxa não faz parte do protocolo de classificação de risco, que adota as cores vermelha, amarela, laranja e verde para indicar o nível de gravidade e prioridade no atendimento.

Segundo um gestor, a sala foi a alternativa para que os pacientes não ficassem nos corredores. A identificação na entrada foi fixada sobre a placa que diz Traumatologia. Nesta noite, havia 17 pessoas na sala “intermediária”, como também é chamada. “É a primeira vez vejo criarem uma sala “roxa” para manter pacientes que deveriam já estar internados”, reagiu o diretor do Simers, André Gonzales. “O quadro é muito grave, vamos ao Conselho de Saúde, MP e prefeitura”, adiantou o diretor. O número de cinco a seis médicos plantonistas para monitorar 88 doentes – entre casos em observação e internados na emergência – e fazer as consultas foi considerado insuficiente para o volume de atendimento.

Dirigentes do HPSC, ligados ao Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (Gamp), alegaram ao Sindicato que a prefeitura justifica que atrasos em repasses do Estado prejudicam a saúde municipal, restringindo a oferta de serviços em outras unidades. O Hospital Nossa Senhora das Graças reduziu a assistência. Além disso, os diretores relataram que o Samu Municipal, mesmo com a informação “de que o hospital não oferece condições técnicas” para receber novos casos, continua a levar pacientes.