QUEM SÃO OS VIOLENTOS?

Para quem quer entender como se faz política no Brasil, vale a pena ler e pesquisar o que vinha sendo dito nesta campanha eleitoral, como, por exemplo, a tentativa sistemática da esquerda nacional em classificar Jair Bolsonaro como um candidato que exaltava a violência e, por isso mesmo, “colheu o que plantou”. Imaginemos uma nova situação. E se fosse outro candidato a sofrer o atentado desta quinta-feira? Um presidenciável de esquerda? O que estaria nas manchetes? Um “lobo solitário”, como pretendem alguns, ou alguém que fazia parte de uma conspiração da extrema direita?

Procurar no discurso de Bolsonaro o pretexto para a tentativa de seu assassinato, desprezando a análise de que o candidato sempre se comportou assim, brincando com as palavras, fazendo gestos com os braços e com os dedos na imitação de portar uma arma, é buscar na sua expressão corporal uma mensagem de violência, quando ele apenas mostrava como defender o direito de cada cidadão portar uma arma para enfrentar a violência.

Muito mais grave do que os gestos de Bolsonaro em comícios pelo Brasil foram, por exemplo, as palavras da senadora Gleisi Hoffmann, oito dias antes do julgamento de Lula no TRF/4, em Porto Alegre; “Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que matar”. No entanto, não houve comoção nacional com esta ameaça explícita, a começar pela mídia amiga. E sabem por que não houve, mesmo Lula sendo condenado? Porque se tratava de uma frase dita na compreensível emoção da senadora que sabia que a prisão de seu chefe político representava o fim de um ciclo de memória triste para o lado decente deste país.

Outra passagem que fala em violência explícita ocorreu no Rio e Janeiro, em 29 de maio do ano passado, por ocasião do seminário “Estado de Direito ou Estado de Exceção”. Lá estão gravadas as palavras do senador Roberto Requião (MDB-PR) e da deputada Benedita da Silva (PT-RS). Requião: “… o que, então, estamos esperando para cruzar o rio, para jogar a cartada decisiva de nossas vidas? Senhores e senhoras, universitários aqui presentes. Convençam-se. Não há mais espaço para a conversa e para os bons modos.”

Depois, foi a vez da deputada Benedita da Silva: “Quem sabe faz a hora e faz a luta. A gente sabe disso. E na minha Bíblia está escrito que sem derramamento de sangue não haverá redenção. Com a luta e vamos à luta, com qualquer que sejam as nossas armas!”

Vale ainda ressaltar que a plateia 100% esquerdista delirou com aquelas expressões plenas de violência, mas que, na verdade, eram apenas palavras como os gestos de Bolsonaro. Então, violência por violência verbais, até agora quem sofreu na prática o resultado de pregações daquele nível foi Jair Bolsonaro. Neste momento delicado da vida política brasileira quem deve buscar culpados pelo atentado são as autoridades. Que não se culpe Bolsonaro pelo seu estilo de discursar, assim como não se deve atribuir aos discursos sanguinolentos, ameaças de morrer gente ou ao fim dos bons modos o clima atual de nossa campanha eleitoral. O que estamos assistindo e testemunhando começa lá quando montaram um discurso que promovia o desmonte de reputações. Alguém ensinou a violência e o ódio aos brasileiros. “Nós contra eles”, lembram?